Lenilson Ferreira - Psicanalista
Você o sabe o que seu filho ou sua filha faz na Internet? Quais sites ele visita? Tem o hábito de visitar sites pornográficos? Conversa com pessoas que conheceu via Internet e com quem nunca conversou pessoalmente?
Essas questões são de enorme importância para os pais de filhos menores de idade. Fico perplexo quando, em palestras para pais - geralmente em escolas-, eles demonstram não ter noção de que existem ferramentas que podem auxiliá-los a controlar o uso e, principalmente, o abuso da Internet pelos seus filhos. Ninguém tem tempo de exercer este controle, que é uma exigência legal, sem o uso da moderna tecnologia.
Observe que eu me refiro à Internet. Não apenas aos celulares. Por quê? Porque, para um jovem, para que serve um telefone celular não conectado à Internet? As estatísticas explicam esta realidade.
Saiba que 79% dos nossos jovens utilizam celulares para assistir vídeos curtos (uma autêntica febre que explica o sucesso do TikTok), 76% para navegar na internet aleatoriamente (um perigo, pois são, frequentemente, manipulados por maliciosos algoritmos), 66% para jogar online, 63% para acessar redes sociais e a boa notícia! 37% os utilizam para assistir cursos ou programas de educação.
Perceberam que, para os jovens, telefone celular é sinônimo de Internet? Estudo recente conduzido com a participação de mais de 15.000 pais e 12.000 adolescentes e pré-adolescentes em 10 países concluiu que os jovens brasileiros são o público que mais faz uso do telefone celular. Esta conclusão não deve lhe surpreender, caso você tenha o hábito de prestar atenção às pessoas à sua volta...
Apesar desta realidade, os pais brasileiros ainda não perceberam que é muito importante que eles tenham algum tipo de controle sobre o que seus filhos fazem enquanto estão conectados à Internet através de seus telefones celulares.
A pesquisa também mostrou que 71% dos pais demonstram estar preocupados com o uso e celular pelos filhos e que 39% afirmam estar muito preocupados. A preocupação maior dos pais inclui o bullying e o cyber bullying e, em aspectos gerais, está em um nível muito acima da preocupação declarada por pais estrangeiros.
A Constituição Federal Brasileira estipula que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida e à saúde, dentre outros tópicos. Lembramos aqui que não há saúde sem saúde mental. Os pais também devem colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, perigos a que sempre estão expostos enquanto estão conectados.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assim define os deveres dos pais: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores”. Guarda remete à ideia de proteger.
Como, então, monitorar o que seu filho faz na Internet? Utilizando os chamados Aplicativos de Controle Parental. Existem muitos aplicativos deste tipo utilizáveis em todos os modelos de celular. Veja a seguir quatro exemplos de aplicativos gratuitos que podem cumprir este papel para as famílias.
O aplicativo Google Family Link gera um relatório sobre o período de uso e também possibilita controlar o que pode ser comprado na Google Play Store, rastrear a localização, ocultar applicativos, bloquear o dispositivo e limitar o tempo de uso.
Necessário somente no celular da criança, o AppBlock tem diversas ferramentas que servem para bloquear o uso de vários recursos (chamadas, vídeos, fotos), aplicativos e downloads. Na lista de aplicativos instalados, os pais podem bloquear os que preferirem.
O compartilhamento da localização dos usuários é um recurso utilizado pelo Life360 de forma eficiente, pois os pais podem acompanhar o percurso de cada filho recebendo informações de onde seu filho está ou por onde passou. Quando o filho chega a um local, um alerta é enviado para as pessoas adicionadas dentro de um círculo de monitoramento. Caso aconteça alguma situação de emergência, o aplicativo faz uma chamada automática para os perfis selecionados. Se o telefone for perdido ou roubado, ele pode ser rastreado com o recurso da localização precisa do Life360.
Os assuntos que são visualizados em sites, redes sociais e demais conteúdos podem ser monitorados pelo aplicativo Controle Parental Screen Time. As palavras digitadas nos buscadores do navegador do celular são vistas dando maior controle aos pais sobre o que os filhos fazem na Internet. Além disso, é possível controlar o tempo que o filho passa no celular. Na versão paga do aplicativo, os pais podem interromper imediatamente as atividades do celular monitorado, limitar recursos no horário de aula, ter um resumo diário das atividades e até mesmo dividir o monitoramento com outros perfis.
Caso haja alguma dúvida sobre este ou outros temas tratados anteriormente em nossa coluna ou caso você queira sugerir um tema para as próximas edições, você pode enviar uma mensagem para contato@lenilsonferreira.com .
Pronto! Você já está capacitado para monitorar o que seu filho faz na Internet. Pode, assim, até salvar a vida dele ou, pelo menos, exercer com eficiência sua função parental quanto aos cuidados com seu filho no mundo digital. Sucesso na Empreitada!
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