Anvisa proíbe o uso e a comercialização de câmaras de bronzeamento artificial no Brasil
Bruna Nazareth - especial para o Diário
O verão chegou, trazendo consigo dias perfeitos para curtir o sol, aproveitar a praia, relaxar na piscina ou se refrescar em cachoeiras. Amada por muitos, essa é a estação para se divertir e aliviar o calor, mas também é vista como o momento ideal para conquistar o tão desejado bronzeado. Enquanto alguns optam pelo método tradicional, tomando sol ao ar livre, outros recorrem ao bronzeamento artificial em câmaras, tudo em busca de um visual esteticamente atraente. Contudo, essa prática pode trazer riscos à saúde da pele.
Recentemente, para proteger a população, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução RDC n. 56/2009 proibindo o uso e a comercialização de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos no Brasil. A proibição, que contou com apoio integral da Sociedade Brasileira de Dermatologia e do Instituto Nacional de Câncer (INCA), se deu após a publicação da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC-International Agency for Research on Cancer), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), informando que o uso de câmaras de bronzeamento artificial com lâmpadas ultravioleta (UV) é cancerígeno para humanos.
Quais são os riscos?
Fernanda Schanuel, fisioterapeuta dermato-funcional e professora da Estácio, esclarece as diferenças entre a exposição aos raios UV em câmaras de bronzeamento e a exposição ao sol natural, destacando seus impactos na pele.
"A maioria das câmaras de bronzeamento emitem principalmente raios UV-A, com menor quantidade de UV-B. A radiação UV-A penetra mais profundamente na pele e é responsável por danos a longo prazo, como o envelhecimento precoce e o aumento do risco de câncer de pele. Apesar do UV-A bronzear a pele mais rapidamente, não é tão eficaz em estimular a produção de vitamina D, como o UV-B. Já o sol natural emite simultaneamente o UV-A e o UV-B. A radiação UV-B é a principal responsável pela produção de vitamina D, porém é responsável por causar queimaduras solares e danos à pele”
A exposição excessiva às lâmpadas ultravioleta (UV), não apenas aumenta o risco de câncer de pele, mas também pode causar queimaduras, cicatrizes e acelerar a degradação do colágeno e da elastina na pele, levando ao envelhecimento precoce, com o aparecimento de rugas e flacidez, processo conhecido como fotoenvelhecimento. Além disso, pode ocorrer a pigmentação irregular da pele, com aparecimento de manchas escuras ou despigmentadas. A perda da capacidade de reter água, resultando em desidratação cutânea também é um risco, já que isso faz com que a pele fique mais seca, áspera e propensa a rachaduras, agravando ainda mais o processo de envelhecimento.
“Outros órgãos também podem ser afetados, como os olhos: a exposição aos raios UV sem proteção adequada pode causar inflamação da conjuntiva, membrana que cobre a parte branca dos olhos, levando o aparecimento da fotoconjuntivite. A córnea e a retina também podem ser afetadas, causando a fotoceratite e o aumento do risco de desenvolver catarata e degeneração macular ao longo do tempo.Pode ocorrer também supressão do sistema imunológico tornando a pele mais vulnerável a infecções e doenças e desregulação da produção de hormônios, como a melatonina, que é responsável pela regulação do sono.”, alerta Schanuel.
Além de todos esses problemas, a especialista ressalta que algumas pessoas podem desenvolver a tanorexia, dependência psicológica de se bronzear, mesmo quando isso é prejudicial à saúde.
Alternativas seguras
Cuidar da saúde do corpo e da pele é essencial em qualquer estação, especialmente para quem busca um bronzeamento no verão. Para fazer isso de forma segura, existem alternativas eficazes e que não prejudicam a pele.
“É recomendado tomar banho de sol de forma controlada, evitando os horários de pico de radiação UV, que geralmente ocorrem entre 10h e 16h. Fazer uso de protetor solar com fator de proteção (FPS) 30 ou superior de forma generosa e reaplicá-lo a cada 2 horas ou após suar ou nadar. Indica-se que a pessoa comece com sessões curtas (15 a 30 minutos) e aumente gradualmente o tempo de exposição para evitar danos à pele”
Para quem caminha ou pratica atividades ao ar livre, a proteção deve ser reforçada com roupas e acessórios com tecnologia de proteção UV, chapéus e óculos de sol, reduzindo a exposição direta aos raios solares prejudiciais.
*Com informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
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