Contratos dos profissionais serão renovados dentro de plano anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente
Rômulo Barroso - especial o Diário
O Governo Federal anunciou na última quinta-feira (27/02) um plano com ações de prevenção e combate a incêndios no Brasil em 2025. Este plano inclui a contratação de mais de 4,6 mil brigadistas, o que representa, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o maior contingente da história desse tipo de profissional. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (IMCBio), dentro desse número estão 30 brigadistas que já atuam no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), que terão os contratos renovados.
A elaboração desse plano acontece depois que o país enfrentou um enorme aumento de focos de incêndio e de área devastada pelo fogo em 2024. Foram quase 280 mil casos de queimadas, um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e 30,8 milhões de hectares destruídos, alta de 79% na comparação com 2023, segundo o MapBiomas.
O cenário também é o mesmo de Petrópolis: foram 376 incêndios florestais em 2024, crescimento de 135% em um ano, de acordo com o Corpo de Bombeiros; e 877 hectares devastados na cidade, 111% mais que em 2023, segundo o MapBiomas.
Essa situação levou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a decretar emergência ambiental em áreas vulneráveis a incêndios florestais em todos os estados. No Rio, por exemplo, o decreto é válido: nas mesorregiões Baixadas, Metropolitana do Rio de Janeiro e Norte Fluminense, de março a outubro de 2025; nas mesorregiões Centro Fluminense e Sul Fluminense, de abril a novembro de 2025; e na mesorregião Noroeste Fluminense, de maio a dezembro de 2025.
"Com essas informações, os agentes públicos estarão preparados para adotar as ações necessárias em resposta ao risco identificado. Este é o resultado de um extenso trabalho baseado em ciência e planejamento estratégico para enfrentar as emergências climáticas", explicou Marina Silva.
Medidas para o combate aos incêndios
Além da contratação dos brigadistas, esse plano de prevenção e combate aos incêndios também prevê medidas como ampliação do monitoramento diário dos incêndios das áreas queimadas para todo o Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Latin American Studies Association (LASA), desenvolvimento do Sistema de Informações sobre Fogo (Sisfogo) para uso dos órgãos públicos e sociedade; seis novos manuais de prevenção e combate a incêndios florestais por parte do Ibama; realização de mais de 140 eventos de capacitação para brigadistas e voluntários; resgate de fauna afetada pelos incêndios.
Os 4.608 brigadistas que serão contratados 231 brigadas florestais federais, sendo 116 brigadas serão vinculadas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e 115 ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A infraestrutura para o combate aos incêndios ainda vai contar com 15 helicópteros, dois aviões de transporte, dez aeronaves para lançamento de água, 340 camionetas operacionais, 199 veículos específicos e 50 embarcações. O Diário perguntou ao ICMBio se havia previsão de destinar equipamentos para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), que respondeu que o órgão "tem helicópteros e aeronaves air tractor disponíveis, mas atendem a todo o país. São acionados de acordo com a necessidade".
Cidade já registra mais incêndios neste verão "seco"
O calor extremo e a pior seca que o país enfrentou em toda história estão entre os fatores que explicam a crise dos incêndios do ano passado. Mas o auge da crise ocorreu na época em que geralmente ocorrem mais incêndios, no início do segundo semestre.
Este mesmo cenário climático tem sido observado atualmente, de acordo com dados do Climatempo: o país caminha para a quinta onda de calor do ano, que dessa vez deve elevar as temperaturas em estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste até o fim do carnaval - no Rio, os termômetros devem ficar entre 3 ºC e 5 ºC acima da média; em Petrópolis, a quantidade de chuva registrada neste mês foi de apenas 26 mm, o que equivale a apenas 11% da média histórica.
Isso já tem causado um impacto, ainda que os números sejam baixos: até o dia 18 de fevereiro, foram 11 focos de incêndio florestais na cidade, enquanto no ano passado tinham sido apenas três casos. Nesta semana, dois grandes incêndios mobilizaram equipes de combate, um em Itaipava e outro em Araras, esse último exigindo grande esforço do Corpo de Bombeiros, que precisou usar 34 mil litros d'água na tentativa de extinguir o fogo.
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