Medida foi decretada pela prefeitura em meio à paralisação de rodoviários; outras empresas assumem linhas da empresa
Rômulo Barroso - especial para o Diário
A viação Petro Ita está proibida de circular em Petrópolis. A prefeitura informou que editou um decreto no sábado (07/09) que obriga a empresa a retirar os veículos das ruas. No entanto, o decreto ainda não foi disponibilizado - o Diário Oficial mais recente que constava no site da prefeitura até o início da noite dessa segunda era o da última quinta-feira (05), antes da paralisação dos funcionários da empresa.
Com isso, as linhas que ainda eram de responsabilidade da Petro Ita passam a ser operadas pelas empresas Cidade Real, Cidade das Hortênsias e Turp Transportes. Pelo menos 24 ônibus dessas empresas estavam previstos para circular nessa segunda e, segundo a prefeitura, expectativa é que mais carros sejam disponibilizados ao longo da semana.
Em nota, a prefeitura afirmou que "O decreto leva em conta a inviabilidade da empresa para operar no município, com acidentes que colocam em risco a vida dos rodoviários e dos passageiros, um fato público e notório para quem acompanha o dia a dia do sistema de transporte no município".
Paralisação continua
A paralisação dos funcionários da Petro Ita, iniciada na última sexta-feira (06/09), continuou nessa segunda-feira (09). O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Petrópolis (SindRodoviários) informou que realizou uma reunião pela manhã com empresários e a empresa "se compromete a regularizar os salários que deveriam ter sido pagos no quinto dia útil do mês" após o repasse da prefeitura do Vale-Educação. Esse repasse, segundo o Sindicato, está previsto para o próximo domingo, dia 15 de setembro.
O movimento foi deflagrado na sexta, um dia depois da data esperada pelos rodoviários para o pagamento de salários e férias vencidas. Os funcionários pararam os ônibus (cerca de 50 veículos) no interior do Terminal Centro e na Rua Paulo Barbosa.
Nessa segunda, o presidente do Sindicato, Glauco da Costa, afirmou que o compromisso da entidade é com a "qualidade de vida dos trabalhadores" e que "os rodoviários esperam que as promessas feitas na reunião de hoje sejam cumpridas para evitar maiores prejuízos tanto para os profissionais quanto para os usuários do transporte público de Petrópolis".
"O sindicato de forma alguma pretende gerar transtornos para a população, mas a situação dos trabalhadores da Petro Ita é grave e se arrasta há meses. Medidas mais drásticas se fazem necessárias para que os trabalhadores não continuem sendo prejudicados por problemas que não são relacionados diretamente à prática profissional", disse.
Em nota, a prefeitura afirmou que "que não deve absolutamente nada à Petro Ita e inclusive está com o pagamento do Vale-Educação em dia, ao contrário do que a empresa tenta alegar para justificar o fato de não conseguir honrar com os compromissos que são de sua responsabilidade". O Diário questionou a prefeitura sobre a data do repasse do Vale-Educação, mas não recebemos resposta até o fechamento desta reportagem.
Também questionamos a Petro Ita sobre o pagamento dos salários atrasados, mas também não tivemos retorno.
Outras empresas assumem linhas no Quitandinha
No mesmo dia da paralisação, os ônibus foram rebocados, liberando o trânsito no Centro.
Sem a operação da Petro Ita, no sábado (07), as empresas Cidade Real, Cidade das Hortênsias e Turp Transportes assumiram linhas da região do Quitandinha. A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte (CPTrans) e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários (Setranspetro) informaram que os rodoviários da Petro Ita estão sendo contratados pelas três empresas para conseguirem prestar o serviço e as empresas estão anunciando vagas de emprego.
O Setranspetro informou ainda que "ônibus seminovos começaram a chegar em Petrópolis. Até o restabelecimento total do serviço, todas as operadoras estão disponibilizando, de forma emergencial, a frota reserva, além de equipamentos" e acrescentou que "Até sexta-feira (13), novos veículos começam a integrar a operação das localidades atendidas de forma emergencial. Nos dias seguintes, a chegada de mais ônibus visa trazer normalidade nos deslocamentos da população, desafio para as empresas, que estão se adaptando e montando uma estrutura que agrega diversos elementos e itens, como garagem, abastecimento, manutenção e contratação de mão de obra".
Com isso, a operação das linhas ficou dessa forma:
Cidade Real: Independência (via Cel. Veiga) - antiga 401, Independência (via Cacilda Becker) - antiga 435, Independência (Rua José Chaves) - antiga 463, Independência (via Alto da Serra) - antiga 436, São Sebastião (via Castelânea) - antiga 447, Taquara - antiga 402, Santa Isabel (via Três Pedras) - antiga 470, Siméria (via Cel. Veiga) - antiga 446, Siméria (via Alto da Serra) - antiga 438, e a linha noturna, cujo itinerário passa por Alto Independência, São Sebastião e Siméria; essas linhas param na Rua Paulo Barbosa, com exceção da Santa Isabel, que para na Praça do Skate.
Turp Transportes: Espírito Santo - antiga 428, Rio de Janeiro - antiga 424, Amazonas/Duques - antigas 404 e 422, Honduras/Gulf e Venezuela - antigas 403, 425 e 442, Dr. Thouzet - antiga 209, e Dr. Thouzet - antiga 406; quase todas parando no Terminal Centro, com exceção das duas últimas, parando na Rua Paulo Barbosa.
Cidade das Hortênsias: Valparaíso/Comunidade Oswaldo Cruz - antiga 205 (parada na Rua Paulo Barbosa), e Getúlio Vargas (via Hotel Quitandinha) - antiga 405 (parada no Terminal Centro).
Além disso, seriam colocadas vans para fazer o sistema sobe/desce gratuito nas localidades: Rua Lopes de Castro/Joaquim Gomensoro, Olga Castrioto, Vital Brasil, Capitão Paladine, Tancredo Neves, Rua Alagoas/Ipanema.
Dívidas
Na última sexta, a Petro Ita também teve outra notícia ruim: o Supremo Tribunal Federal (STF) validou os decretos que determinaram a caducidade do contrato com a empresa e removeu as linhas operadas na região do Alto da Serra e Morin desde 20 de julho. A Petro Ita entrou com um pedido de reconsideração dessa decisão do STF nessa segunda.
A empresa está em processo de recuperação judicial, dívidas tributárias, previdenciárias, trabalhistas e com FGTS que somam R$ 141 milhões, de acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
O Diário questionou a empresa sobre quais medidas estão sendo tomadas para normalizar a situação e retomar a operação das linhas que ainda são de responsabilidade dela, mas não tivemos retorno até o encerramento desta matéria.
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