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Petrópolis recicla 572 toneladas de material

Atualmente, há 485 famílias de catadores de material reciclável no município

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Daniel Xavier estagiário

O Dia Mundial da Reciclagem, celebrado todo 17 de maio, é uma data significativa na promoção da importância da reciclagem e da sustentabilidade. Em Petrópolis, 702,6 toneladas de material reciclável foram coletadas apenas em 2022, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), plataforma do Ministério das Cidades. Desse montante, 572 toneladas de papel, plástico, vidros, metais e quaisquer outros produtos foram recuperadas. Apesar de ser um avanço, a quantidade é ínfima frente ao total de lixo recolhido (108 mil toneladas ao ano).

Até a última atualização da Prefeitura, o programa de coleta seletiva porta a porta atendia 103.324 petropolitanos. O que representa 37% da população de 278.881 no total. Há, ainda, 485 famílias de catadores de material reciclável no município, devidamente inscritas no Cadastro Único até março deste ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

A maior parte dos materiais recebidos pela Comdep são papel e/ou papelão (213,9 toneladas), seguido de plásticos (136,9 toneladas) e vidros (138,5 toneladas). Metais, por outro lado, ficam abaixo do restante (39,6 toneladas).

O especialista em coleta seletiva, gestão de resíduos e CEO do Grupo Urbam, Guilherme Almeida, explica os benefícios provenientes da reciclagem e pontua a necessidade de engajamento por parte do município.

O processo de decomposição do lixo varia dependendo do resíduo e das condições do ambiente. A reciclagem é crucial nesse processo, pois ela permite que materiais como papel, plástico, vidro e metal sejam reutilizados na fabricação de novos produtos, reduzindo a demanda por recursos naturais e a quantidade de lixo destinado a aterros. Cada pessoa pode contribuir separando corretamente o lixo entre reciclável e não reciclável, e apoiando iniciativas de coleta seletiva e programas de reciclagem em suas comunidades, declara.

Triagem e recuperação

Em abril deste ano, a Comdep reinaugurou o Centro de Triagem da Coleta Seletiva Anderson Manoel Palma, no Siméria. O espaço recebe, mensalmente, cerca de 50 toneladas de materiais recicláveis, como garrafas PET, latinhas de alumínio, papelão, vidros, entre outros itens. Todo o material reciclável recolhido de porta em porta e por meio das cooperativas conveniadas, são levados para lá, onde os itens são separados e transformados em matéria prima.

O setor é responsável por produzir para os funcionários da Comdep, em média, 30 vassouras feitas de garrafas PET por dia, material que leva em torno de 600 anos para se decompor no meio ambiente. Petrópolis é a primeira cidade do Estado do Rio de Janeiro a confeccionar vassouras ecológicas.

As mudanças climáticas vivenciadas nos últimos tempos são resultado de um tipo de desenvolvimento econômico que precisa ser revisto. Ao ser descartado de maneira indevida, os resíduos causam degradação ambiental. Quando proporcionamos soluções alternativas para o tratamento deles, e aquilo que é lixo transforma-se em matéria prima, caminhando para um futuro mais sustentável, afirma o secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz.

Ampliação da coleta

Visando reestruturar o sistema de reciclagem no município, a Comdep passou a ampliar o serviço de coleta seletiva em 2024. No ano corrente, o serviço foi implantado no comércio do Centro e também do Itamarati. Os caminhões da Companhia percorrem as principais ruas dos locais citados, recolhendo os materiais recicláveis, que não devem ser misturados ao lixo comum.

Com relação à coleta porta em porta e pontual, as regiões do Quitandinha, Duarte da Silveira e Cascatinha, junto dos bairros Madame Machado, em Itaipava, e Vila Rica, em Pedro do Rio, passaram a ser contemplados este ano.

E em parceria com a Enel Distribuição Rio, Petrópolis conta ainda com três ecopontos, onde o cidadão tem a possibilidade de levar o material reciclável e, em contrapartida, receber descontos na conta de luz.

Porém, na opinião do vereador Dr. Mauro Peralta, para uma melhor gestão dos resíduos no município, é preciso mais do que isso.

Para nossa tristeza, Petrópolis, que já teve duas usinas de lixo, não possui mais nenhuma em operação. Temos todos os recursos necessários para começarmos a cumprir nossa parte, protegendo o meio ambiente, além de gerar empregos, renda e aumentar nossa arrecadação de ICMS Verde. Já passou da hora de termos nossa própria usina de reciclagem, focando na produção de energia e redução de gastos com recolhimento e destinação de lixo, afirma.

Papel dos catadores

Todas as 485 famílias de catadores de material reciclável atuando em Petrópolis trabalham de forma individual e autônoma, já que o município não conta com uma associação. Quase 90% têm renda per capita mensal de até meio salário mínimo. Por isso, grande parte é auxiliada pelo Bolsa Família (388). Isso ocorre pois, no município, o pagamento pelo material se dá por tonelada.

A catadora Luciane Machado relata que o exercício de recolher material, apesar de engordar a renda, é insuficiente para arcar com todos os custos de vida.

Passei a recolher material para ter uma renda extra. Trabalho como costureira autônoma, só que, por vezes, a remuneração não dá conta de bancar os gastos de uma casa com duas crianças. Atualmente, com o aumento de pessoas e do volume de recicláveis, os ferros-velhos passaram a remunerar melhor o pessoal. Mas, ainda é insuficiente para que eu possa me sustentar apenas com isso, conta.

Visando estruturar a classe, o Governo Federal lançou em 2023 o Programa Diogo de SantAna Pró-Catadoras e Pró-Catadores para a Reciclagem Popular. O objetivo é promover condições estruturantes para que as pessoas sigam no exercício da atividade, e que os trabalhadores de baixa renda que se dediquem a coletar materiais reutilizáveis e recicláveis. A Prefeitura de Petrópolis já fez a adesão.

É fundamental ter apoio financeiro de implementação de projetos de coleta e reciclagem, contemplando intervenções que visam contribuir para aumentar postos de trabalho e capacidade de beneficiamento dos resíduos passíveis de reciclagem, bem como melhorar as condições de trabalho e renda dos catadores, disse o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo.

Óleo de cozinha

Outro ponto crucial na sustentabilidade é o recolhimento do óleo de cozinha usado. Em 2023, foram 10.648 litros coletados em Petrópolis. O número, no entanto, representa apenas 0,60% da estimativa de descarte (1.768.878 litros). Dessa forma, foi lançado no ano passado, o Programa Trata Óleo, uma parceria entre a Prefeitura, a ONG Incluir Petrópolis, a Grande Rio Reciclagem Ambiental, a empresa Liza e a concessionária Águas do Imperador, que visa ampliar a coleta.

Só em 2023, 35 Pontos de Entrega Voluntária foram instalados por toda a cidade. Destes, 15 foram apenas em escolas da rede municipal. Todo material será recolhido pelo Incluir Petrópolis, que irá destinar o material à Grande Rio Reciclagem Ambiental, empresa licenciada pela Prefeitura.

A Grande Rio transforma o óleo de cozinha em resíduo, que é utilizado na confecção de produtos de limpeza, que é revertido em ICMS Verde (ou seja, verba para o município) e em moeda solidária para aquisição de equipamentos especiais para Pessoas com Deficiência (PcD).

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