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Petrópolis registra 39 acidentes com animais peçonhentos neste ano

Altas temperaturas aumentam a incidência de picadas, exigindo cuidados, alerta especialista do Instituto Vital Brazil

Foto: Reprodução
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Larissa Martins

Acidentes com cobras, aranhas, abelhas e outros animais peçonhentos acontecem o ano todo, mas podem aumentar até 80% com a chegada das altas temperaturas e da chuva, segundo dados do Instituto Butantan, criando um ambiente propício para a proliferação. Os escorpiões, por exemplo, costumam aparecer principalmente no verão devido à umidade. Eles procuram alimento durante a noite e entram nas residências sem serem notados, escondendo-se debaixo de pedras, cascas de árvores, paredes, muros mal rebocados, madeira empilhada, entulhos, caixas de gordura, ralos e forros.

Quando se sentem ameaçados, picam com facilidade, causando muita dor, e podendo provocar até a morte, principalmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades como problemas respiratórios, cardíacos e imunossuprimidos.

Somente nos primeiros meses desse ano (janeiro e fevereiro), Petrópolis registrou 39 acidentes com animais peçonhentos. Desses, 20 foram causados por aranhas, 17 por escorpiões e dois por serpentes. No mesmo período, em 2024, o número de acidentes foi maior, totalizando 64, sendo 27 por aranhas, 22 por escorpiões, dez por lagartas, quatro por serpentes e um acidente com causa não identificada. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ).

Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que durante todo o ano de 2024, houve 326 acidentes envolvendo esses animais, sendo 190 com aranhas, 93 com escorpiões, 21 com serpentes, 18 com lagartas e quatro com outros animais. Já o estado registrou um total de 762 ocorrências. Neste ano, até o momento, foram 393 acidentes.

Peçonha x Veneno

Segundo o Ministério da Saúde há uma diferença entre os termos animais “peçonhentos” e “venenosos”, apesar de serem similares e facilmente confundidos. Ambos produzem toxinas em glândulas ou tecidos, mas os animais venenosos armazenam essas substâncias para defesa contra predadores, enquanto os peçonhentos têm a capacidade adicional de injetá-las ativamente, seja em presas para predar ou em predadores para se defender.

Para a injeção ativa das toxinas, os animais peçonhentos utilizam aparelhos inoculadores como dentes especializados, ferrões, quelíceras, cerdas urticantes, esporões, etc. As toxinas, em quantidades relevantes, causam lesões fisiopatológicas dose-dependentes a um organismo vivo, sendo denominadas zootoxinas quando produzidas por animais, e convencionou-se chamar de venenos as produzidas por animais venenosos, e peçonhas aquelas produzidas por animais peçonhentos.

Sintomas

O biólogo Cláudio Maurício, do Instituto Vital Brazil um dos laboratórios oficiais existentes no Brasil, que atende a todo o setor público, com a produção de soros e medicamentos de uso humano explica quais são os principais sintomas da picada de escorpião e aranhas, por exemplo.

“Os escorpiões causam imediatamente muita dor, vermelhidão no local da picada, sudorese e agitação, dor de cabeça e vômitos, além de alterações no sistema cardiorrespiratório que podem evoluir para gravidade. As aranhas perigosas brasileiras pertencem a três grupos: 1- aranhas marrons (Loxosceles). Sua picada não dói imediatamente, após certo tempo surge a sensação de queimadura e o escurecimento gradativo do local da picada que pode apresentar bolhas com conteúdo seroso, edema. Depois podem surgir equimoses e lesões hemorrágicas focais, áreas isquêmicas (placa marmórea) e necrose. Em alguns casos também podem surgir sinais de hemólise intravascular e insuficiência renal aguda; 2- Armadeiras (Phoneutria) Dor local forte e imediata, agitação, taquicardia, sudorese e vômitos e quadro de hipertensão. Nos casos graves pode surgir sialorréia hipertonia muscular choque e edema pulmonar (casos graves são raros); 3- Viúvas negras  (Latrodectus) acidentes raros apresentando dor local, edema dor nas pernas, tremor e contraturas, dor no abdome e nos grandes grupos musculares, sudorese generalizada, dor de cabeça hipertermia, hipertensão, náuseas e vômitos”, esclarece o especialista.

O que fazer?

Em casos de acidentes, a população deve procurar socorro médico sempre e imediatamente. Os soros são aplicados por via endovenosa e o tratamento precisa de acompanhamento e avaliação contínua, por isso, somente pode ser administrado em ambiente hospitalar, por equipe treinada. A referência para atendimento em Petrópolis é a Unidade de Pronto Atendimento de Cascatinha.

“Pessoas leigas sem formação específica ou sem experiência não são capazes de diagnosticar ou classificar corretamente um acidente”, alerta Cláudio. “Tentar tratar com medidas de primeiros socorros caseiras deve ser evitado ao máximo”, acrescenta.

Além disso, não é recomendado manipular o animal com as mãos desprotegidas. Se possível e com segurança procurar prender o animal em um recipiente com o auxílio de uma pinça ou graveto e informar o órgão público. Ou então, tirar fotos com celular e encaminhar para identificação.

Antiofídicos em regiões de mata

Pessoas que costumam fazer trilhas, caminhar em matas ou andar à beira de rios e cachoeiras devem ter cuidados redobrados. Por isso, recentemente, foi aprovado um Projeto de Lei 1.888/20, de autoria do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), que propõe a obrigatoriedade da disponibilização soro antiofídico e outros imunobiológicos contra mordidas de animais peçonhentos em todas as unidades de saúde e parques florestais ou ambientais sob gestão estadual.

Além do soro antiofídico, o texto cita nominalmente os seguintes imunobiológicos: soros antibotróbico, antielapínico, antiaracnídeo e antiescorpiônico. Essas soluções são utilizadas no tratamento decorrente de envenenamento por picada de cobra jararaca, cobra coral, aranhas e escorpiões. Os locais de armazenamento de soros devem passar por um controle rigoroso de suas condições e quanto à validade de seus itens. As unidades de saúde também devem disponibilizar protocolos clínicos atualizados de diagnósticos e tratamento dos acidentes por animais peçonhentos, sobretudo aqueles adotados em situação de escassez de antivenenosos e antídotos.

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