Apenas 53,70% do público alvo (crianças, gestantes e idosos) foi imunizado
Larissa Martins
Levantamento da Secretaria de Saúde aponta que a cobertura vacinal contra a influenza segue baixa em Petrópolis, alcançando apenas 53,70% do público alvo (crianças, gestantes e idosos).
A meta preconizada pelo Ministério da Saúde, de 90%, ainda não foi atingida, mas o percentual municipal ainda está acima da média nacional que é de 49,82%. Até o momento, foram aplicadas 91.989 doses.
A campanha contra gripe começou no dia 2 de abril apenas para o público prioritário, mas a vacina foi liberada para toda a população no dia 21 de maio.
Em 2025, ela passou a fazer parte do Calendário Nacional de Vacinação de rotina para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e pessoas com 60 anos ou mais.
A vacina da gripe sofre constantes mutações, o que exige a atualização anual do imunizante. A versão deste ano é trivalente (fragmentado e inativado) e protege contra os vírus tipo A/H1N1, A/H3N2 e B.
Butantan confirma eficácia
A influenza é uma infecção respiratória viral aguda de elevada transmissibilidade. Especialistas do Butantan explicam que o imunizante protege principalmente crianças e idosos contra formas graves, hospitalizações e mortes e tem eficácia dentro de padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Quando alguém fica gripado mesmo depois de tomar a vacina, pode parecer que o imunizante “não funcionou” e que ele não é eficaz. Mas isso não é verdade.
“Pense na vacina como um cinto de segurança, que não evita acidentes, mas protege dos piores ferimentos. Ou como um guarda-chuva, que te mantém muito mais seco durante a chuva do que se você estivesse sem nada”, explica o gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, João Miraglia.
Em termos gerais, a eficácia é quanto a vacina protege uma pessoa da gripe, ou seja, o quanto tomá-la pode diminuir as chances de ficar doente, ressalta o gestor médico.
Um imunizante pode ter eficácia menor do que 100%, e ainda assim ser altamente eficaz no combate a uma doença. “Não existe vacina ou medicamento com 100% de proteção porque a resposta imune varia de pessoa para pessoa, sobretudo por fatores como idade, condição de saúde e uso de medicamentos. Nem mesmo quando a pessoa contrai o vírus influenza ela fica 100% imune a ele”, afirma a gestora médica de Desenvolvimento Clínico do Butantan Carolina Barbieri.
A OMS aponta, em seu documento mais recente sobre o uso de vacinas contra a gripe sazonal, Vaccines against influenza: WHO position paper May 2022, que a imunização anual contra influenza deve ser a principal estratégia preventiva, sobretudo para casos graves e grupos de risco idosos, gestantes, crianças menores de 5 anos, pessoas com comorbidades (doenças cardíacas, pulmonares, renais, diabetes, HIV), trabalhadores da saúde, e pessoas imunossuprimidas.
Eficácia x Efetividade
A eficácia e efetividade são conceitos diferentes usados para avaliar vacinas. A eficácia é medida em estudos clínicos controlados, com voluntários divididos em grupos (vacinados e não vacinados), para verificar quanto a vacina previne a doença, hospitalizações e mortes. Esses estudos ocorrem em fases 1, 2 e 3 antes da liberação do produto.
Já a efetividade é avaliada na vida real, após a vacina ser aplicada na população em geral. Como há menos controle de variáveis, os resultados refletem a resposta da vacina em condições normais de uso.
Em adultos, a eficácia média da vacina da gripe varia entre 40% e 60%. Em crianças e idosos, essa resposta tende a ser menor por questões relacionadas a resposta imune nestas faixas etárias.
“Em crianças pequenas, o sistema imunológico está imaturo, em desenvolvimento. Já em idosos, as respostas imunológicas podem estar diminuídas por causa de um fenômeno chamado imunossenescência, que significa a queda das defesas imunológicas ocorrida com o avanço da idade”, esclarece Carolina Barbieri.
Outra questão que impacta na eficácia da vacina da gripe é a plataforma de vírus inativado. Vacinas de vírus vivos ou atenuados, como de sarampo e febre amarela, por exemplo, tendem a ter maior eficácia e proteção mais duradoura. Isso ocorre porque estas plataformas vacinais geram uma resposta imunológica mais potente. Por outro lado, as vacinas inativadas são consideradas altamente seguras para os grupos prioritários e são as únicas indicadas para gestantes, por exemplo.
“É importante ser vacinado durante a campanha, para já estar protegido durante os meses que temos o maior número de casos de gripe no Brasil, entre setembro e novembro na região Norte e entre abril e junho nas demais regiões. Quando deixamos para vacinar depois da campanha temos um benefício menor, mas ainda é importante tomar a vacina assim que for possível e sempre se revacinar todos os anos”, conclui João Miraglia.
Salas de Vacinação
A vacina está disponível para todos os públicos nas 16 salas do Município. Veja a lista:
Centro de Saúde Coletiva Professor Manoel José Ferreira;
UBS Morin;
PSF Alto da Serra;
UBS Quitandinha;
UBS Independência;
UBS Mosela;
UBS Araras;
UBS Itaipava;
UPH Posse;
UPH Pedro do Rio;
UBS Vicenzo Rivetti;
Ambulatório Escola (AMBE) de Cascatinha;
Ambulatório do Hospital Alcides Carneiro (HAC);
UBS Bairro da Glória;
UBS Retiro;
Centro de Saúde do Itamaraty.
*Com informações do Butantan
Veja também: