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quinta-feira, 13 de março de 2025


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Petropolitano conquista bolsa acadêmica nos Estados Unidos

Gabriel Fernandes, de 19 anos, foi um dos 26 estudantes selecionados após competição internacional

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal


Larissa Martins

Com apenas 19 anos, um petropolitano conquistou uma bolsa de graduação nos Estados Unidos, na América do Norte, após uma competição internacional, realizada nos dias 24 e 25 de janeiro. Gabriel Henrique Ferreira Fernandes esteve entre os 650 competidores que buscavam a oportunidade de receber uma das diversas bolsas acadêmicas.

Após um processo seletivo que começou com mais de 2 mil candidatos, ele foi um dos 26 selecionados para receber a bolsa “Multicultural Scholarship”, destinada a pessoas que se destacam pelo engajamento com diversidade, inclusão e impacto social em suas trajetórias acadêmicas.

Processo seletivo

Gabriel foi aceito na Maryville University, no estado do Missouri, onde irá cursar o “International Studies” (Estudos Internacionais), que tem como foco o estudo das relações globais e as dinâmicas políticas entre países, semelhante a “Relações Internacionais” no Brasil. Os finalistas têm a chance de participar de programas acadêmicos e sociais voltados para justiça social, intercâmbio cultural e desenvolvimento comunitário.

“O processo de seleção para a bolsa foi dividido em duas etapas. A primeira fase consistiu na candidatura para competir na University Scholars Weekend, um evento presencial no campus da Maryville University. Para essa etapa, precisei escrever redações em inglês, escolhendo um dos sete temas disponíveis no Common App. No meu caso, optei por contar sobre minha trajetória e como minhas experiências moldaram minha identidade e objetivos acadêmicos. Além das redações, também enviei uma lista com minhas atividades extracurriculares, destacando projetos sociais, competições acadêmicas das quais participei. Após essa avaliação inicial, fui selecionado para a segunda etapa, que aconteceu presencialmente nos Estados Unidos. Nessa fase final, além de conhecer a universidade e interagir com outros candidatos, passei por uma entrevista com o comitê de seleção, onde tive a oportunidade de falar sobre minhas motivações, meu envolvimento com diversidade e impacto social, e como a bolsa poderia me ajudar a alcançar meus objetivos”, conta Gabriel.

Um mês após a competição, o jovem recebeu a notícia que mudaria a sua vida.

“No momento em que abri o e-mail, meu coração disparou. Li a mensagem uma, duas, três vezes, como se meu cérebro precisasse de um tempo para processar aquelas palavras. Quando percebi que realmente estava entre os 26 selecionados, senti um choque de adrenalina percorrer meu corpo. Levantei num pulo, comemorando a conquista. Naquele instante, todo as madrugadas estudando, as incertezas e os momentos de dúvida se transformaram em um sentimento indescritível de realização. Era como se um novo caminho tivesse acabado de se abrir bem diante de mim”, conta emocionado.

Após a última fase, Gabriel foi recomendado pela universidade e pelo Comitê de Diversidade e Inclusão para receber uma bolsa de 75%, com possibilidade de chegar a 100% dos custos de sua graduação, incluindo mensalidades, moradia e alimentação durante quatro anos. Além disso, ele já obteve aprovações em outras quatro universidades americanas: a Sewanee: The University of the South, Stetson University, University of Kentucky e Barry University, com bolsas parciais de estudo.

Avaliação nos EUA

Diferente do modelo tradicional do vestibular brasileiro, onde a nota de uma única prova pode definir o futuro acadêmico de um estudante, o processo de candidatura para universidades nos EUA envolve uma análise muito mais ampla do perfil do candidato. Em vez de apenas uma avaliação padronizada, as instituições consideram um conjunto de pilares, incluindo desempenho acadêmico ao longo do Ensino Médio, atividades extracurriculares, cartas de recomendação de professores e conselheiros, como também a escrita de redações que refletem a trajetória pessoal e objetivos profissionais do estudante.

O processo de candidatura às universidades ocorre, em grande parte, por meio de um sistema chamado Common App. Essa plataforma centraliza as inscrições para centenas de instituições, permitindo que os candidatos enviem seus documentos. O sistema é semelhante ao SiSU (Sistema de Seleção Unificada) no Brasil, pois ambos permitem que os estudantes se candidatem a múltiplas instituições a partir de uma única plataforma. No entanto, enquanto o SiSU usa exclusivamente a nota do Enem como critério de seleção para universidades públicas brasileiras, o Common avalia os candidatos de forma mais detalhada.

Esse processo exige um planejamento estratégico para cada universidade escolhida, já que cada instituição pode ter requisitos e critérios adicionais de admissão como as entrevistas. Por isso, muitos cursos preparatórios chegam a cobrar mais de R$ 50 mil para auxiliar estudantes nesse processo internacional.

“Busquei ajuda através de uma das ferramentas mais poderosa que temos hoje em dia, a internet, e fui aprendendo até que conheci um preparatório online chamado The Dream School. Nele, ensinam como estruturar redações que refletem a trajetória e os valores de cada um de nós estudantes, além de recebermos orientações sobre cada etapa do processo seletivo, o que me ajudou muito na preparação para entrevistas e o contato com as universidades americanas”, pontua o petropolitano.

Experiência

No caso de Gabriel, além do desempenho escolar, durante o Ensino Médio, participou de simulações da ONU e competições de debates, que permitem que os jovens interpretem diplomatas e debatam temas inspirados na Organização das Nações Unidas. Assim, ele utilizou a sua experiência para ajudar outros estudantes a desenvolverem pensamento crítico e comunicação em suas vidas.

Com a aprovação conquistada, Gabriel vê essa oportunidade como um passo essencial para expandir seus aprendizados, desenvolver novas iniciativas no campus de uma universidade e, no futuro, trazer esse conhecimento de volta ao Brasil. Seu objetivo é continuar abrindo portas para que mais jovens possam continuar sonhando e alcançar oportunidades, independentemente de sua origem. Agora, ele aguarda a possibilidade de ter os custos cobertos para viabilizar sua ida aos Estados Unidos.

"Se eu pudesse voltar e falar com aquele Gabriel de anos atrás, que acreditava que esses espaços não eram para ele, eu diria para continuar. Por mais inúmeras vezes tenha sentido vontade de desistir, cada obstáculo que enfrentei deu mais sentido a essa jornada. Pois, quando um de nós abre uma porta, ela não se abre somente para um, mas para todos aqueles que virão depois”, cita.

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