Registro de uniões disparou após o fim das restrições; divórcios também cresceram
Daniel Xavier estagiário
Após a pandemia, os petropolitanos retomaram o sonho do casamento. É o que mostra os novos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa última quarta-feira (27/03), por meio do levantamento Estatísticas de Registro Civil. Nele, é visível que de 2020 a 2021, houve crescimento notável nos números, indo de 1.209 cerimônias para 1.580 em Petrópolis. Um aumento de 30,6%. Tendência que seguiu no ano seguinte, mesmo que em menor escala, com 1.661 matrimônios registrados pelos cartórios municipais.
As estatísticas do IBGE também mostram que a maioria esmagadora das uniões registrados na cidade foram entre cônjuges solteiros. Em 2020, foram 801 casamentos entre pares sem registro de matrimônio representando 66,2% dos casórios totais registrados. Em 2021, englobavam 70,1% (1.108).
Já em 2022, houve pequena queda. Naquele ano, o casamento entre cônjuges solteiros representou 67,6% dos registros feitos nos cartórios municipais. Em números, foram 1.123, segundo o IBGE.
Na opinião do advogado de direito de família, Leonardo Marcondes, após um período de isolação e tribulações com a pandemia, muitas pessoas resolveram finalmente dizer o sim em 2022.
"A pandemia fez todo mundo repensar o que é importante na vida. Depois de tanto tempo difícil e repleto de privações de convívio, muita gente quis celebrar o amor e a união. Há também o fato de que muitos casais tiveram que adiar seus planos por conta da crise sanitária. Quando a situação melhorou, houve uma corrida aos cartórios e igrejas para realizar esses sonhos", detalha.
Capital do Casamento
Em 2023, o município registrou 1.226 casamentos civis. Neste ano, até o momento, já são 244. Dados são do Portal da Transparência do Registro Civil. Estima-se que Petrópolis realize cerca de 700 cerimônias por ano, uma média de 58 por mês, devido aos atrativos turísticos que trazem noivos de todos os cantos do país a se casarem aqui. A Cidade Imperial é considerada a Capital Estadual do Casamento.
A advogada Mayara Vasconcellos diz que a mudança no processo de casamento civil ocorrida em 2022 tende a elevar esses números nos próximos anos.
"O ano de 2022 marcou a desburocratização do procedimento de casamento com a Lei Federal nº 14.382/22, a qual trouxe agilidade ao processo de casamento civil nos cartórios. Antes da alteração legislativa, o processo perdurava, muita das vezes, até 90 dias. Com a entrada em vigor da nova norma, o prazo foi reduzido para 20 dias. Neste ponto, o crescimento no número de registros com a alteração trazida pela lei deverá ser gradativo nos próximos anos", explica.
Divórcios crescem
Os novos dados também respaldam a tendência no crescimento de divórcios durante os últimos anos, mesmo que em menor escala. Em Petrópolis, 541 casais se divorciaram, com o pedido sendo concedidos em primeira instância no primeiro ano de pandemia. No ano seguinte, foram 578. Em 2022, já foram 603.
Mayara Vasconcellos aponta que mudança socioculturais desempenham papel fundamental nessa mudança de paradigma.
"Nota-se que os estigmas em torno do divórcio têm tido uma diminuição significativa, o que pode encorajar mais pessoas a buscar essa alternativa. O maior engajamento da mulher no mercado de trabalho, que possibilita a sua independência financeira frente ao cônjuge e a possibilidade de se manter por conta própria, encoraja também à dissolução de relações insatisfatórias", diz.
"A carga emocional também se atrela ao resultado das separações, como exemplo, em razão de uma infidelidade. Outro fator importante para a tomada de decisão consiste na própria expectativa de felicidade pessoal, em que muitos cônjuges priorizam seu bem-estar e felicidade individual", completa.
Guarda dos filhos
Nas estatísticas de divórcio, ainda consta o número de decisões que envolveu a guarda dos filhos do casal em separação. Com foco nos casos em que a mãe foi incumbida pela justiça, o IBGE mostra que no município, o número tem sido chamativo.
Em 2020, dos 541 desmanches de matrimônio, em 194 deles a mulher ficou responsável pelas crianças. No ano seguinte, representava 38% dos registros (222, em números). No ano de 2022, englobava 29,8% dos divórcios (180).
O advogado Leonardo Marcondes elenca quais motivos podem explicar estes dados, mas, salienta que as decisões devem sempre buscar o bem-estar de todos os envolvidos, especialmente das crianças.
"Isso acontece por alguns motivos. Existe ainda uma forte crença de que as mães têm um instinto materno especial para cuidar dos filhos. Os juízes, muitas vezes, seguem essa lógica, entendendo que a mãe, em geral, pode oferecer um cuidado mais próximo aos pequenos, especialmente se forem muito novos. Por vezes, essa decisão é tomada em comum acordo entre o casal", declara.
Veja também: