Este ano registrou 45% de incêndios em vegetação a menos que o mesmo período de 2024
Mariana Machado estagiária
O período de estiagem, de junho a setembro, é caracterizado pela redução significativa, ou ausência, de chuvas em uma determinada região por um período prolongado. Durante esses meses no ano passado, foram registrados mais de 200 incêndios em vegetação e falta de água em alguns bairros de Petrópolis.
A Prefeitura vem intensificando as ações contra queimadas, como parte do Plano Inverno, onde há maior histórico de ocorrências relacionadas a incêndios em vegetação.
Além da mobilização de conscientização, a Defesa Civil também está realizando, em parceria com o ICMBio e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), capacitações em condomínios para combate e identificação de incêndios florestais. Também foram criados os núcleos de Proteção e Defesa Civil Comunitários (Nupdecs), para fortalecer a participação comunitária nas ações de prevenção e combate aos incêndios florestais.
Em 2024, o período de estiagem somou 237 eventos de fogo em vegetação no município, sendo setembro o mês que mais registrou ocorrências, com 89, de acordo com o Plano de Contingência - inverno 2025, feito pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil. O ano de 2020 registrou exatamente o mesmo número de incêndios florestais, com também o mês de setembro liderando nas ocorrências, com 103.
Após 2020 os incêndios florestais durante o período de estiagem haviam apresentado uma queda, com 143 em 2021, 152 no ano seguinte, e 83 ocorrências em 2023, uma diferença significativa para 2024.
Até o dia 07 de agosto, o Corpo de Bombeiros foi acionado 89 vezes para fogo em vegetação no município, número 45% menor que o mesmo período do ano passado, que registrou 162 acionamentos. De janeiro a agosto de 2023, foram registrados 60 incêndios em vegetação. Ao todo, 2024 registrou 376 acionamentos, e o ano anterior 159.
As áreas consideradas de maior risco pelo plano da Defesa Civil, devido ao grande número de ocorrências de fogo em vegetação no ano passado, são: Vale das Videiras, Secretário, Carangola/Quinta do Lago, Caxambu/Itamarati, Corrêas/Bairro da Glória, Nogueira, Jacó/Fazenda Santo Antônio, Taquaril e Brejal.
A população pode ajudar denunciando queimadas para os números: 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) ou (21) 2253-1177 (Disque Denúncia).
Abastecimento de água
A estiagem leva à diminuição da umidade do solo, redução dos níveis de rios e reservatórios, e afeta diretamente o abastecimento de água, a agricultura e a biodiversidade local.
Com isso, o abastecimento de água nos mananciais de Petrópolis também foi impactado em 2024, deixando bairros com falta de água por dias. Com isso, a Águas do Imperador informa ao Diário que realizou um estudo técnico para identificar as regiões mais impactadas pela escassez hídrica. “A partir desse diagnóstico, foram instalados cinco boosters, equipamentos que aumentam a pressão na rede de distribuição, nas seguintes localidades: Estrada da Saudade, Paulino Afonso, Manoel Canedo (Pedro do Rio), General Osório e Dias de Oliveira. Os investimentos têm o objetivo de melhorar significativamente o fornecimento de água nessas áreas”, afirma a concessionária.
Além disso, foram concluídas as obras da nova adutora Carvalho Júnior, com 5,2 quilômetros de extensão, que liga a Praça de Corrêas ao Vale do Carangola, que reforça o abastecimento de cerca de 15 mil moradores dos bairros Corrêas e Carangola, ampliando a capacidade de resposta da rede em períodos críticos.
A concessionária acrescenta ainda que segue monitorando continuamente os sistemas de captação, para minimizar possíveis impactos nos níveis dos mananciais.
Por que a estiagem acontece?
A estiagem pode ocorrer em decorrência da deficiência de precipitação, da evapotranspiração excessiva, ou da combinação de ambos, afetando diferentes áreas e períodos. Essa condição tende a se agravar quando associada a falhas nos sistemas de distribuição, planejamento e gestão dos recursos hídricos.
Causas de incêndio em vegetação
Diversos fatores contribuem para a ocorrência e propagação de incêndios em áreas de vegetação no município, sendo eles:
Fatores Antrópicos: As principais causas de origem humana incluem a soltura de balões, especialmente durante festividades juninas e feriados, a queima irregular de resíduos em terrenos baldios, o uso inadequado do fogo em acampamentos e atividades de lazer, fagulhas originadas por maquinário ou pontas de cigarro, além de práticas de “limpeza” de terrenos com uso de fogo.
Fatores Climáticos: Durante o período de estiagem, são observados baixos índices pluviométricos e baixos valores de umidade relativa do ar, condições que aumentam significativamente a probabilidade de ignição da vegetação e dificultam o controle de focos de incêndio.
Fatores Topográficos: A configuração do relevo influencia diretamente o comportamento do fogo. A exposição solar, o tipo de vegetação presente e a umidade relativa do ar variam conforme a orientação e a inclinação do terreno.
Tipo de Combustível: O material combustível nos incêndios florestais é predominantemente a vegetação, compreendendo qualquer material orgânico presente sobre ou abaixo da superfície do solo com potencial de ignição.
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