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PMMA: o perigo da substância em procedimentos estéticos

CFM pede à Anvisa banimento do uso do produto

Foto: Freepik
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Bruna Nazareth

Os procedimentos estéticos são frequentemente realizados para aprimorar a aparência de homens e mulheres, contribuindo para a autoestima e o bem-estar. Essas intervenções, muitas das vezes, também podem estar ligadas pela busca do que é considerado atraente pela sociedade.

Os procedimentos podem ser cirúrgicos, como implantes de silicone nas mamas, para aumentar o volume e rinoplastias, para modelar o nariz. Ou não cirúrgicos, como a limpeza de pele e o preenchimento labial.

Embora os procedimentos estéticos valorizem a aparência física, é fundamental que sejam realizados por profissionais qualificados. No Brasil, há relatos crescentes de complicações, como inflamação, inchaço, vermelhidão e, em casos extremos, óbito.

Em 2020, uma influenciadora perdeu o lábio quando realizou um preenchimento labial pela primeira vez, em Matão (SP). Ao invés de ácido hialurônico, a profissional usou uma substância permanente, conhecida como PMMA, que foi injetada sem o conhecimento da paciente. A substância causou uma inflamação e a influenciadora precisou fazer a remoção dos lábios. Já em 2024, outra influencer morreu após se submeter a um procedimento estético com a mesma substância para aumentar os glúteos, contudo, esta apresentou um quadro de infecção generalizada.

O que é ?

O PMMA, ou polimetilmetacrilato, é um componente plástico com diversos tipos de aplicação na área da saúde e em setores produtivos, dependendo da forma de seu processamento e desenvolvimento. Ele pode ser encontrado, por exemplo, em lentes de contato, implantes de esôfago e cimento ortopédico.

No Brasil, seu uso precisa ser registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pois se trata de um produto classificado como de risco máximo. Em procedimentos médicos, a substância é autorizada para tratamentos reparadores, como a correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações de volume provocadas por sequelas de doenças como a poliomielite (paralisia infantil) e correção de lipodistrofia, alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, provocada pelo uso de medicamentos antirretrovirais em pacientes com HIV/Aids.

Sua aplicação deve ser realizada por médicos ou odontólogos habilitados, estes são responsáveis por determinar a quantidade necessária para cada paciente, obedecendo as orientações técnicas de segurança.

Quais são os riscos?

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o uso dessa substância pode causar complicações como edemas locais, processos inflamatórios, telangiectasias, cicatrizes hipertróficas, reações alérgicas e formação de granuloma.

Por ser um produto que fica entremeado aos tecidos saudáveis, o tratamento das reações inflamatórias causadas pelo PMMA é extremamente complexo. Sua remoção cirúrgica é um procedimento complicado, podendo deixar sequelas irreversíveis, como deformações, inflamação, necrose e, em casos extremos, levar ao falecimento. Além disso, o uso em grandes volumes está relacionado ao desenvolvimento de hipercalcemia e lesões renais, que podem evoluir para insuficiência renal.

CFM e o pedido de banimento

Diante do aumento de complicações graves associadas ao uso do PMMA, incluindo a morte de pacientes, o Conselho Federal de Medicina solicitou à Anvisa a suspensão imediata da produção e comercialização de preenchedores à base de polimetilmetacrilato (PMMA) no Brasil.

O requerimento foi entregue nesta terça-feira (21) durante reunião na sede do órgão regulador. No documento, é destacado o posicionamento de entidades como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que em 2024, ambas alertaram sobre os procedimentos com PMMA e os riscos da utilização do produto na forma injetável.

*Com informações do Conselho Federal de Medicina, Agência Brasil e Anvisa

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