Emmanuel Macron defendeu que acordo do Laboratório Nacional de Computação Científica com empresa francesa para atualizar supercomputador seja acelerado
Rômulo Barroso - especial para o Diário de Petrópolis
O presidente da França, Emmanuel Macron, enviou uma carta para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que o acordo entre o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e uma empresa francesa, a Eviden, para atualizar o supercomputador Santos Dumont possa avançar. Macron enviou essa carta no último dia 29 e afirmou que a cooperação entre franceses e brasileiros pode transformar o equipamento instalado no Quitandinha se tornar um dos cinco mais potentes do mundo.
O envio dessa carta foi divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, após uma reunião, na segunda-feira (04/11), entre a ministra Luciana Santos e o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain. No fim de março, o LNCC assinou um Memorando de Entendimento com a Eviden para investir US$ 19,4 milhões (na cotação atual, mais de R$ 110 milhões) para quadruplicar a capacidade do supercomputador. Esse valor será financiado pela Petrobras.
Na carta, Macron destaca a parceria entre os dois países em áreas como inteligência artificial e suas tecnologias associadas e ressalta que a atualização programada para o supercomputador pode colocar a máquina entre as cinco principais do planeta. Em 2022, o equipamento ficou na 178ª posição no ranking dos melhores supercomputadores do mundo (ranking chamado de Top 500), mas já não estava na lista divulgada no fim do ano passado.
"Se a Atos for escolhida, cerca de um terço da estrutura do supercomputador será construída no Brasil e grande parte da tecnologia será transferida para vocês. Estamos tranquilos com isso porque sabemos que essas informações estarão em boas mãos", disse o embaixador Emmanuel Lenain, na reunião com Luciana Santos.
Parceria desde 2015
O LNCC já mantém uma parceria com a empresa há quase uma década. Foi com a Eviden que o supercomputador passou pela primeira atualização, em 2019, quando saiu de 1,1 petaflops de capacidade computacional para 5,1 petaflops, que se mantém até hoje.
Isso significa que a máquina consegue processar, atualmente, 5,1 quatrilhões de operações matemáticas por segundo. Para se ter uma comparação, para conseguir fazer o mesmo com os computadores pessoais mais modernos, seriam necessários reunir 24,5 mil aparelhos trabalhando em conjunto.
Com esse acordo assinado agora, a capacidade do supercomputador será expandida em 17 petaflops, ou seja, chegará a 22 petaflops.
"Essa expansão permitirá que o Santos Dumont realize simulações e análises de dados em larga escala, facilitando projetos de pesquisa em áreas como energia, inteligência artificial e ciências naturais. Com isso, ele se tornará o mais potente da América Latina dedicado à pesquisa acadêmica", afirmou a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, na segunda-feira.
Dados do LNCC mostram como é fundamental que essa atualização seja feita. Atualmente, 268 estudos de 21 áreas de conhecimento são desenvolvidos com uso do supercomputador. Em agosto, a taxa de ocupação, ou seja, a quantidade de horas que esse equipamento foi utilizado, foi de 100%.
Desde a assinatura do acordo, o Laboratório já recebeu visitas de representantes da Petrobras, que foram tratar de aspectos das especificações técnicas e dos avanços previstos com a nova expansão, e no início do mês passado, uma delegação do LNCC viajou para a cidade de Angers, na França, onde ficam as instalações da Eviden, para realizar o Teste de Aceitação Final (FAT) do novo supercomputador.
"Creio que seja importante dar continuidade à cooperação estabelecida em 2015 entre o LNCC e a Eviden, empresa do Grupo Atos de computação avançada. Com essa parceria, construímos o supercomputador mais potente do país e temos o objetivo de continuar com esse apoio para a próxima fase",
Supercomputador no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial
O supercomputador também é peça fundamental dentro do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado em agosto, para armazenamento de dados. “O propósito da evolução do Santos Dumont é o desenvolvimento de modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que incluam características culturais, sociais e linguísticas, de forma a fortalecer a soberania em IA e promover a liderança brasileira por meio do desenvolvimento tecnológico e de ações estratégicas de colaboração internacional”, concluiu a ministra Luciana Santos.
“Desde a última visita de Macron, em março, estamos acompanhando todo o plano ambicioso do Brasil sobre IA e ficamos impressionados. O orçamento brasileiro para o plano é quase o mesmo que o nosso, e isso é incrível”, apontou Emmanuel Lenain.
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