Cidade exporta tecnologia e atende empresas em mais de 30 países
Roberto Jones - especial para o Diário
Atualmente, o setor de tecnologia emprega cerca de cinco mil pessoas na Região Serrana do Rio de Janeiro, com 400 empresas no setor e faturamento anual de R$ 1,1 bilhão. Em Petrópolis, o Serratec é um dos principais impulsionadores do setor, sobretudo pelos seus programas de qualificação profissional que, desde 2019, já formaram mais de 1,6 mil profissionais, com taxa de contratação imediata de 46% e retenção de mais de 90%. É a instituição também que organiza a 4ª edição do Tech Summit, que acontece em outubro na cidade. Em conversa com o Diário, o presidente da instituição, Alexandre Macedo, contou mais sobre o potencial tecnológico do município e os planos do Serratec para os próximos anos.
Recentemente, Petrópolis foi reconhecida como capital estadual da tecnologia. Por qual motivo a cidade recebeu esse título? Qual o potencial tecnológico do município?
A.M: Temos um arranjo produtivo se desenvolvendo na cidade há mais de duas décadas, com destaque para a forte atuação acadêmica das universidades, trazendo todo um trabalho de pesquisa, ancorado na vinda do LNCC, na década de 90. O LNCC, especificamente, vem sendo protagonista no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e vem liderando as principais iniciativas nesse sentido. Isso traz bastante relevância a Petrópolis, que se tornou referência nacional como polo de formação de mão de obra técnica. E nisso, o Serratec é um grande responsável.
Temos muito potencial para consolidar a cidade uma referência nacional em tecnologia, mas ainda falta uma presença estruturada do poder público. O setor de tecnologia, se hoje já não é, em pouco tempo se tornará um dos mais relevantes para a cidade, não só economicamente, mas nas questões de impacto social. Muitos países estão interessados em se alavancar tecnologicamente por conta desses benefícios. Por isso, estamos trabalhando para colaborar com o crescimento em Petrópolis, onde temos uma grande oportunidade. Se todos estiverem com esse objetivo comum, podemos sair na frente e tirar proveito desse boom da inteligência artificial e da tecnologia, que trarão muitos benefícios para o país.
Como os avanços tecnológicos podem ajudar no desenvolvimento de Petrópolis? Em quais áreas dá para implementá-los?
A.M: Podemos usá-la em todos os setores como segurança, saúde, qualidade de vida, mobilidade urbana, prevenção de desastres, turismo, comércio, educação e no agronegócio. Então porque não expandirmos e nos tornarmos referência nacional? Aliás, Petrópolis já exporta soluções para outras cidades e estados, além de atender empresas em mais de 30 países. Muita gente não sabe disso, mas tem muitas empresas multinacionais na cidade que exportam tecnologia para fora. Temos um potencial muito grande e um caminho enorme para expandir e nos tornarmos referência nacional e até internacional, ajudando no desenvolvimento do nosso país.
E pra finalizar, como o Serratec tem atuado nos últimos anos e contribuído para o avanço tecnológico de Petrópolis?
A.M: O principal é o nosso trabalho de formação de mão de obra técnica, que já formou mais de 1,5 mil novos desenvolvedores e injetou R$ 57 milhões na economia. Isso está alinhado com a nossa meta de ser um dos maiores geradores de primeiro emprego no setor de tecnologia no Brasil. Também temos investido no crescimento de empresas de tecnologia na região, aumentando a arrecadação tributária do município, além de buscarmos atrair novos empreendimentos para a cidade.
Temos diversificado nossos cursos, com cinco trilhas de qualificação (Desenvolvimento de Software, Análise de Dados, STEM, Gestão de Projetos e Infraestrutura de Redes e Cibersegurança). Além disso, ttemos um hub que atua em várias verticais na parte da inovação, um plano de aliar a tecnologia a favor da inclusão social, e iniciativas ligadas ao Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. Também destaco que o Serratec é signatário do Pacto Global da ONU, aderindo às políticas sustentáveis, visando a melhoria da nossa cidade.
Vale ressaltar o nosso trabalho de expansão em rede, em que começamos iniciativas fora do nosso território, com a Zona Franca de Manaus e com a cidade de Guarapuava, no Paraná. Temos ações para fortalecer a conexão de universidades e empresas e um projeto de open innovation, com empresas fortalecendo nosso hub de inovação, como os setores de petróleo e gás e metal mecânica.
O Serratec foi criado em 2019 com o conceito de Parque Tecnológico da Região Serrana, aberto. Na época, já considerávamos Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo e, posteriormente, Areal por adesão. Esse conceito de parque aberto está sendo expandido com essas novas parcerias. Então outros municípios estão convidados a serem nossos parceiros. É assim que crescemos.
Recentemente, um parceiro muito importante, que é a Softecs, ligada ao MCTI, reconheceu nosso trabalho e tem nos apoiado. Isso mostra que a região serrana está sendo vista pelo Governo Federal e tem sido reconhecida como referência nacional. É um motivo de orgulho para a nossa cidade e é isso que vai mostrando todo o potencial que temos de fazer cada vez mais.
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