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Produtos de limpeza: por que algumas misturas caseiras podem ser perigosas?

Foto: Freepik
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Bruna Nazareth

Provavelmente, ao limpar a casa, você já sentiu a necessidade de deixá-la impecável em todos os cantos. E para garantir uma higienização minuciosa, produtos como álcool e água sanitária são indispensáveis. No entanto, algumas pessoas não os consideram suficientes e recorrem às redes sociais em busca de misturas caseiras que, supostamente, irão limpar com mais eficiência e com baixo custo financeiro para a limpeza e desinfecção dos ambientes.

O problema é que essas combinações, embora pareçam inofensivas para alguns, podem ter o efeito oposto, reduzindo a eficácia dos produtos ou até mesmo representando riscos à saúde das pessoas e dos animais, com possibilidades de internações e óbito.

“Todo contato com substâncias estranhas ao nosso organismo tem risco, isto é, probabilidade da substância produzir algum dano, como lesões. Produtos de limpeza, domissanitários, industrializados ou produzidos artesanalmente em casa podem gerar intoxicação, surgindo sinais e sintomas que evidenciam esse efeito nocivo da interação entre agente químico e o organismo. Há séculos, Paracelso (1493-1541), o pai da Toxicologia, já reconhecia que "A diferença entre o remédio e o veneno é a dose". Assim, dependendo da concentração, do tempo, da frequência e da parte do corpo exposta à substância é possível ocorrer principalmente irritação e queimadura da pele e mucosas e, até mesmo, asfixias e perda de consciência”, frisa o professor de Biomedicina da UCP, Prof. Dr. Rodrigo Grazinoli.

Produtos de limpeza que não deve misturar

Alguns produtos domésticos, quando misturados, podem ser especialmente perigosos para a saúde. Como citado, essas combinações podem causar irritação nos olhos, queimaduras, problemas respiratórios e até danos irreversíveis ao sistema respiratório. Substâncias como água oxigenada, alvejantes e álcool, por exemplo, geram compostos altamente tóxicos.

Para alertar sobre esses perigos, o Dr. Grazinoli compartilha algumas misturas que devem ser evitadas, como:

Vinagre com bicarbonato: juntos liberam gás carbônico, que, em altas concentrações e em ambiente fechado, pode ser asfixiante. O mesmo ocorre quando há misturas com cloro e outros produtos com hipoclorito.

Gás cloro: em ambientes fechados, como banheiros, pode levar a asfixia e, de forma ainda mais imediata, irritação nos olhos, pois, ao entrar em contato com a umidade, forma ácido.

Produtos à base de amônia: além de liberar gás amônio, quando misturado ao cloro, libera cloramina que produz irritação da pele e, com exposição frequente, pode levar a sérios problemas pulmonares.

“Além do risco das substâncias em si, deve-se ter especial atenção aos vasilhames utilizados e os locais em que são depositados. Como são produtos caseiros, estes podem ser estocados em embalagens e locais que permitem o acesso e utilização de forma enganosa, como se fosse um alimento ou bebida. A atenção a estas condições é especialmente importante onde se têm crianças e animais. Por fim, nunca se deve reutilizar embalagens de produtos químicos!”

Como usar os produtos de maneira correta e evitar acidentes?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que todos sigam rigorosamente as orientações do fabricante na manipulação de produtos de limpeza, conforme descrito nos rótulos. Para evitar acidentes, é essencial observar as instruções de uso, como a finalidade do produto, seus cuidados específicos e a necessidade de se utilizar equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras e óculos. Também é importante lembrar que os rótulos contêm informações sobre as providências que devem ser adotadas em caso de acidentes.

É fundamental adquirir produtos regularizados pela Anvisa, pois eles passam por avaliações que comprovam sua eficácia e segurança para os usos recomendados. Embora as redes sociais possam ser úteis em certos assuntos, o ideal é evitar misturas caseiras ensinadas por supostos especialistas ou donos de casa.

O que fazer em caso de intoxicação?

Ao se intoxicar, podem surgir alguns sinais como irritação da pele e da mucosa, ardência, vermelhidão e prurido. Se a irritação afetar as mucosas do sistema respiratório, pode haver dificuldade para respirar, se atingir os olhos, pode comprometer a visão. Além disso, a ingestão da substância pode causar vômito. Também é possível observar dor de cabeça e, em casos mais graves, perda de consciência.

“Se houve ingestão acidental, não se deve induzir vômito ou administrar qualquer líquido, como água ou leite. Sempre é aconselhável deixar a pessoa deitada em posição lateral, pois se houver vômito naturalmente, evita que haja broncoaspiração. É preciso buscar imediatamente o serviço médico. Se possível, leve informações sobre quais foram os produtos ingeridos, como embalagens ou rótulos dos produtos.

Se houver irritação e dificuldade respiratória, a primeira coisa a se fazer é facilitar a respiração, levando a pessoa intoxicada para um ambiente aberto, afrouxando roupas ou retirando qualquer objeto que crie barreira à respiração. Não desconsiderar o necessário atendimento especializado. Quando em contato com a pele ou olhos, gerando irritação, deve ser feito a lavagem com água fria abundantemente e buscar auxílio médico”, aconselha.

Cabe ressaltar que a população e os profissionais de saúde podem contar com o serviço do Disque-Intoxicação, criado pela Anvisa, que atende pelo número 0800-722-6001. Esse serviço conecta os usuários a uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat) e fornece orientações sobre primeiros socorros e o tratamento adequado para cada tipo de substância tóxica.

*Com informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

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