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Projeto petropolitano apóia gestantes e puérperas em vulnerabilidade social

Segundo a OMS, entre as mulheres com problemas de saúde mental perinatal, 20% terão pensamentos suicidas ou cometerão atos de automutilação

Foto: Freepik
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Mariana Machado - estagiária

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), momentos que alteram a vida, como gravidez, nascimento e paternidade precoce, podem ser estressantes para as mulheres e seus parceiros, e ignorar a saúde mental não só coloca em risco a saúde e o bem-estar geral das mulheres, mas também afeta o desenvolvimento físico e emocional dos bebês. Mas, para além do emocional, as mulheres enfrentam diversas dificuldades quando se fala em gravidez.

E é a partir deste entendimento que surgiu a ONG petropolitana Reage Mãe, que tem como propósito acolher, escutar, e proporcionar educação perinal, suporte físico, emocional e educativo. Foi criada em 2018 pela Daniela Freitas, que também é doula (assistente de parto). O projeto é destinado a gestantes e puérperas com bebês de até 3 anos de idade, e em vulnerabilidade social.

O apoio à ONG vem de uma rede solidária, formada por microempresários, comerciantes locais, Doulas, uma advogada que ajuda as mães de tempos em tempos em situações judiciais, além de amigos e parceiros. Atualmente, 300 mulheres são apoiadas pelo projeto, e algumas já são voluntárias. Dentre os serviços oferecidos, há mutirões à psicóloga, e para realizar ultrassonografia, gratuitamente, por meio de uma parceria com os profissionais. Além disso, a fundadora conta que há também “encontros de fortalecimento de vínculos entre elas, muito bate-papo, e doações diversas direcionadas às mulheres e bebês”.

As visitas à psicóloga são essenciais para a recém-mãe, principalmente as adolescentes, e em vulnerabilidade social. Segundo a OMS, entre as mulheres com problemas de saúde mental perinatal, 20% terão pensamentos suicidas ou cometerão atos de automutilação, por isso, o acompanhamento é fundamental para o bem-estar tanto da mulher, como do bebê.

Como forma de ajudar essas mães, são realizadas também campanhas para arrecadações de roupas de bebê, brinquedos, kits maternos e de higiene, como absorventes e fraldas. Para o fim de ano, está sendo realizado um bazar com roupas femininas de todos os tamanhos, em que doações são aceitas, que resultarão na compra de alimentos para o fim de ano. Haverá também campanhas para arrecadação de alimentos, fraldas e leite.

Questionada sobre quais as maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres durante e após a gravidez, Daniela Freitas diz que são o “julgamento, falta de informação, violência, acesso a exames específicos, à creche, e aos profissionais como psicólogos para elas e seus filhos, problemas de deslocamento como passagem e alimentação já que muitas são mães solos e adolescentes. As mães atípicas sofrem sem recurso nenhum para ter acesso digno aos especialistas, entre outras. Ser mulher e mãe não é brincadeira”.

Outra dificuldade muito sofrida pelas mulheres é se manter no mercado de trabalho após uma gravidez. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas “Após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade está fora do mercado de trabalho, um padrão que se perpetua inclusive 47 meses após a licença. A maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador”.

Não conseguir vaga nas creches só aumenta os problemas para essas mães, que mesmo que tenham empregos, não tem escola e nem com quem deixar o bebê, o que pode resultar em faltas, ou àqueles casos que a mãe tem que levar o filho para o trabalho. Em Petrópolis, no início de outubro, havia cerca de 1.800 crianças de 0 a 3 anos na fila de espera, aguardando transferência para os Centros de Educação Infantil (CEI).

Daniela explica que “não faço nada porque sou boazinha, faço porque tenho consciência política, consciência social e porque tenho um chamado. Chamada a gente não escolhe a gente só diz ‘eis-me aqui’ independente das circunstâncias”.

Como ajudar e receber ajuda?

As mulheres podem ter acesso aos serviços do Reage Mãe entrando em contato pelo telefone 24992846199, ou pelo Instagram, onde há um link para o cadastro, vaquinha online, e como ser um voluntário.

“Cuidar não é fácil, requer tempo e sacrifícios, acho que acima de todo o trabalho ver meu filho com uma consciência totalmente respeitosa, generosa e politizada nas questões do que diz respeito a mulher. Ele cresceu nesse nicho assistindo tudo que eu fazia, e hoje com 18 anos, aprendeu com exemplo de olhar e assistir. O que para muitos era sacrifício, para ele foi a educação. Então acho que já valeu a pena”, conclui Daniela Freitas.

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