"É muito importante que esse projeto tome forma e vida, e seja levado adiante", ressalta psicóloga
Mariana Machado estagiária
O projeto criado por seis alunos da Estácio Petrópolis uniu cinema com uma roda de conversa sobre saúde mental, e contou também com a presença da psicóloga Luiza Fragelli, que aprofundou os assuntos escolhidos pelos alunos. A "Sessão 01 - Cine Auê - Entre Filmes e Fantasmas" aconteceu no dia 19 de novembro na universidade.
Com o tema "Entre Filmes e Fantasmas: Os Fantasmas que Sondam a Nossa Vida", Anna Clara Joia, Beatriz Raposo, Gabriel Ventura, Karen Taboada, Leticia Rezende e Rafaela Furtado buscaram, juntamente com a psicóloga, explorar metáforas e simbolismos dos fantasmas que habitam o cinema e, “por extensão, nossas próprias vidas”. A sessão foi aberta a todos, e contou com cerca de 20 pessoas.
Após a exibição de um curta-metragem, foi iniciada a conversa com a profissional, com o tópico “os fantasmas que nos assombram: como a busca por produtividade afeta a nossa saúde mental”.
A psicóloga diz considerar o projeto muito importante, uma vez que: " a gente precisa levar essas discussões para os espaços públicos. Os nossos sofrimentos e angústias são vivenciados individualmente, mas na verdade são sentimentos coletivos, então quando a gente leva essas discussões para os espaços públicos, a gente abre espaço para falar sobre isso, para amparar a nossa dor, e entregar um lugar de suporte para ela, além de discutir caminhos possíveis para minimizar as angústias e lidar com elas”.
Para Gabriel Ventura, participar do projeto foi “incrível”, ainda mais ver a ideia sair do papel. Ele conta que a ideia surgiu, principalmente, “pela falta de um grupo de encontro na vivência universitária, juntar com alunos era um desejo desde que entrei na faculdade e finalmente consegui realizar”.
O estudante considera o tema importante, pois “O Cineauê buscou na exibição do filme, e na roda de conversa debater assuntos muito presentes no dia a dia dos universitários. Debatemos sobre a pressão externa do mercado de trabalho, a cobrança por produtividade e como ficamos vulneráveis com todas essas comparações presentes na rotina com as redes sociais”.
Já a profissional explica a importância do tema para a sociedade em geral. “Essa discussão é importante porque o número de casos de afastamento do trabalho por questões relacionadas à saúde mental e de burnout - que é a síndrome do esgotamento profissional - cresce a cada ano no Brasil. Além disso, a culpa pela falta de produtividade e o sentimento de insuficiência é aparecem constantemente no consultório. Isso é um reflexo dos tempos de hoje”.
“Vivemos acelerados (os vídeos e áudios na velocidade 2x evidencia isso), soterrados por informações e por tarefas a serem feitas. Sempre há algo a cumprir, algo a melhorar, algo a descobrir - vivemos eternamente com o sentimento de dívida em uma sociedade em que o descanso não é valorizado e é tratado como recompensa, não como direito”, completa.
Questionado se há intenção de realizar novas sessões, o integrante do grupo diz “Com certeza! O trabalho exigia somente uma apresentação, mas teve um retorno tão bacana que estamos em busca de apoiadores para trazer a roda de conversa novamente com o filme. Meu desejo era realizar uma edição todo mês e expandir o projeto para mais pessoas de fora da faculdade”. E Luiza Fragelli concorda, ressaltando que "É muito importante que esse projeto tome forma e vida, e seja levado adiante".
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