Psicanalista Ingrid Gerolimich (divulgação)
O livro de estreia da psicanalista, socióloga, documentarista e apresentadora Ingrid Gerolimich “ “Para revolucionar o amor: a crise do amor romântico e poder da amizade entre as mulheres” (editora Claraboia, 139 pág.), vocaliza uma série de inquietações colecionadas ao longo da vida das mulheres, em especial nas relações conjugais. A obra é uma versão estendida de um artigo publicado na revista TPM que questionava justamente as frustrações e pressões que permeiam a vivência feminina. Para entender esses sentimentos, a autora busca em filósofos, pesquisadores e estudiosos antigos e contemporâneos a gênese desse mal-estar e possíveis caminhos para subvertê-lo. Um spoiler: a jornada precisará ser coletiva. Ingrid Gerolimich estará na Feira Internacional de Paraty (Flip) 2024 com uma sessão de autógrafos, no estande da com.tato, na Casa do Escreva, Garota! (Travessa Gravatá, 56c/d), no dia 12 de outubro, às 10h. O livro estará à venda no local.
A obra também virou curso (“Por uma revolução afetiva: A crise do amor romântico e o poder da amizade feminina”) na Casa do Saber, previsto para outubro deste ano. Com um total de seis aulas, a proposta é explorar criticamente as construções sociais do amor romântico e seu impacto nas subjetividades femininas, propondo a amizade entre mulheres como uma prática revolucionária de resistência e transformação social. O curso combina perspectivas psicanalíticas, sociológicas e filosóficas para reimaginar as relações afetivas e pensar coletivamente maneiras de descolonizar o amor e o próprio inconsciente feminino.
Para revolucionar o amor
O livro de Ingrid Gerolimich é dividido em três partes: “Mas, afinal, o que é a mulher?”, “Eros em crise existencial” e” A amizade feminina é a revolução”. Na publicação, Ingrid argumenta como foi construída a sujeição das mulheres ao longo da história por meio de uma narrativa que rebaixa as capacidades intelectuais, sociais e emocionais delas e centraliza sua vivência nos deveres reprodutivo e familiar. Tese difundida por figuras que foram basilares na construção da sociedade ocidental, como filósofos e psicanalistas.
Nesse contexto, o amor romântico serve para domesticar as ambições femininas. “Acreditamos por muito tempo que este tipo de amor é para nós uma vocação e um destino inquestionável, e, que a impossibilidade de o viver significaria uma vida menos vivida, pior, uma existência fracassada”, argumenta Ingrid.
Por exemplo, em uma das passagens da obra, ela cita uma pesquisadora norte-americana que estudou o adoecimento emocional das mulheres durante uma relação amorosa heterossexual. A pesquisa revelou que o homem, que no início do namoro é encantador e atencioso, transforma-se com o passar do tempo em desinteressado e indiferente. A sociedade atribui à mulher o esforço de consertar o relacionamento, sendo que muitas vezes o comportamento masculino é engendrado a partir de um dispositivo inconsciente de controle. Ou seja, o resultado desse empenho feminino é nulo, somando-se a ele frustração e ressentimento.
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