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Quase 200 pessoas esperam por transplante de córneas em Petrópolis

Nos últimos dois somados, a cidade teve apenas 79 procedimentos deste tipo realizados

Quase 200 pessoas esperam por transplante de córneas em Petrópolis

Foto: Pixabay

Rômulo Barroso - Especial para o Diário

Um transplante muitas vezes pode ser a diferença entre a vida e a morte ou então de uma vida saudável e normal ou não. Em Petrópolis, apenas um tipo de transplante é realizado, o de córneas. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, 181 pessoas estão na fila de espera por novas córneas. O número é alto, principalmente se comparado ao total de procedimentos feitos: apenas 79 nos últimos dois anos (40 em 2022 e 39 em 2023).

A córnea é um tecido fino, delicado e transparente que fica na parte da frente do globo ocular. É ela que permite uma pessoa enxergar com nitidez. Mas uma série de fatores pode alterar isso: enfermidades hereditárias, lesões, infecções, queimaduras por substâncias químicas, enfermidades congênitas, entre outras causas, podem tornar a córnea opaca, prejudicando a visão dessa pessoa.

Muitos tratamentos conseguem recuperar a saúde desse tecido, mas quando isso não é possível, o transplante "representa a única chance de voltar a enxergar", lembra o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Essa cirurgia consiste na substituição parcial ou total da córnea doente por uma saudável. Ela é indicada quando há perda da integridade da córnea. O objetivo do transplante, ressalta a SNT, é "melhorar a visão, ou corrigir defeitos oculares que ponham em risco a anatomia ou a função do olho".

"A porcentagem de sucesso é alta nos casos não complicados e de bom prognóstico, sendo que a visão do paciente depende também da integridade de outras estruturas oculares. Geralmente os resultados visuais após o transplante de córnea são muito satisfatórios. Após o transplante, pode levar meses para que a visão atinja o seu melhor potencial, porém, após algumas semanas o paciente já poderá perceber alguma melhora", explica o SNT.

Doação e lista de espera.


Segundo o Sistema Nacional de Transplantes, o ideal é que a retirada da córnea seja feita até seis horas após o óbito de um doador. A córnea passa avaliações pelos bancos de tecidos oculares, seguindo normas estabelecidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo próprio SNT. Também é feito exame sorológico no doador para evitar a transmissão de doenças infecciosas.

Para ser doador, basta que a pessoa falecida ou então a família dela tenha dado autorização. A doação é contraindicada caso o doador tenha tido alguma doença transmissível. São aceitos doadores de dois até 80 anos de idade. "O uso de correção visual (óculos ou lentes de contato) ou a existência de algum distúrbio visual, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, entre outros, não são causas impeditivas da doação", ressalta o SNT.

Por outro lado, para entrar em uma lista de espera, somente com a autorização de um médico com autorização do SNT. O controle feito pelo Sistema Nacional de Transplantes evita que o mesmo paciente esteja em mais de uma lista, assim como obedece a ordem de chegada na fila, que pode ser alterada apenas em alguns casos - regra que vale para todos os tipos de transplante. No caso de córneas, "Algumas situações de urgência permitem o acesso mais rápido ao transplante, como crianças pequenas com opacidade bilateral, perfurações oculares, úlcera de córnea sem resposta ao tratamento e falência do tecido em transplantes recentes".

Brasil.


Os dados foram repassados a pedido do Diário, que solicitou ao Ministério da Saúde números sobre doação e transplante de órgãos e lista de espera para todas as modalidades na cidade. A pasta explicou que "especificamente para Petrópolis só existe lista de espera para transplante de córnea por ser a única modalidade de transplante que possui equipes e estabelecimentos autorizados. Contudo, existem pacientes residentes no município que estão inscritos em lista de espera em outras localidades".

Hoje, no Brasil, segundo as estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes, 27,7 mil pessoas esperam por córneas (15,1 mil mulheres e 12,6 mil homens). Quase 45% da lista de espera é de idosos. O Rio é o segundo estado com mais gente aguardando pelo transplante (4.418), também com mais mulheres (2.520, enquanto 1.898 são homens) e mais idosos na fila (52%).

Apesar disso, o número de cirurgias realizadas em 2024 não alcança nem 10% da demanda atual. Foram apenas 2.549 procedimentos realizados no país; no Rio, só 79. No ano passado, foram 16 mil transplantes de córneas em todo país e 608 no estado.

Em relação aos demais órgãos, a fila de espera por transplante tem 42,3 mil pessoas no país e duas mil no Rio. A maior espera por rim (acima de 90% da lista). Em 2024, foram realizados 1.565 transplantes em todo território nacional e 159 pelos municípios fluminenses.

Em nota encaminhada ao Diário, o Ministério da Saúde informou que "a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), [...] em conjunto com os demais integrantes — Secretarias Estaduais de Saúde (SES), Centrais Estaduais de Transplantes (CET) e rede transplantadora —, desenvolve, aprimora, amplia e fortalece os processos relacionados à doação e retirada, além de gerenciar as listas e transplantes de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cuja função de órgão central é exercida pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT), é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país, com o objetivo de desenvolver o processo de doação, captação e distribuição de órgãos, tecidos e células-tronco hematopoéticas para fins terapêuticos".

A nota ainda acrescenta que "O STN integra as secretarias de saúde de todos os estados e municípios, em uma estrutura coordenada para centralizar a notificação de doações, captações e logística adequada dos órgãos e tecidos disponibilizados para transplantes. Atualmente, além da Central Nacional de Transplantes, há 27 estaduais, além de 625 hospitais; 1.208 serviços; 1.559 equipes de transplantes autorizadas; 78 organizações de procura por órgãos; 516 comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplantes; 50 bancos de tecidos oculares; 13 câmaras técnicas nacionais; seis bancos de multitecidos; além de 45 laboratórios de histocompatibilidade". A pasta também ressalta que "Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante".


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