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sábado, 07 de junho de 2025


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Quitandinha em junho tem espetáculos de dança e exibição de filmes focados em corpos negros e indígenas

Programação cultural gratuita integra projeto O Corpo Negro-Indígena, que oferece mais de 200 atividades em 13 unidades Sesc RJ ao longo do mês

Divulgação
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Com uma programação que ultrapassa 200 atividades em 13 unidades do Sesc RJ, a quinta edição do projeto O Corpo Negro-Indígena chega à sua 3° semana.  A edição de 2025 vem acontecendo desde 20 de maio e vai até 15 de junho, em 11 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo Petrópolis. Pela primeira vez, o festival integra com centralidade a produção artística indígena contemporânea na linguagem da dança, ampliando o seu escopo original antes focado exclusivamente no protagonismo negro e afirmando-se como uma iniciativa única nas artes da cena no país.

Com a curadoria convidada de Ágatha Oliveira, Barbara Matias Kariri, Betânia Avelar, Jandé Potyguara e Tieta Macau, a programação apresenta obras que vão da dança à performance, passando por audiovisual, música e debates. O Corpo Negro-Indígena afirma as múltiplas existências e resistências de artistas que forjam um Brasil que dança para contar a própria história, inclusive aquela que foi silenciada, colocando em cena corpos negros e indígenas que criam a partir de seus territórios, memórias e desejos. Territórios representados neste ano com grande abrangência. Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraná, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo formam um mosaico diversificado e plural de gêneros, temas, estéticas e modos de criar.

A programação apresenta 25 trabalhos de dança, sendo 11 estreias nacionais nos palcos do Sesc RJ, possibilitando um importante fomento para os criadores da dança e oferecendo obras inéditas para os moradores do estado. Entre os destaques da programação está o espetáculo Andará das Encantarias, de Karu Kariri, artista indígena criada na periferia da zona sul de São Paulo. Karu funde a cultura ballroom à ancestralidade de seu povo, criando uma obra que transborda encantaria, identidade e luta. Em cena, a celebração dos corpos LGBTQIAPN+ negros e indígenas reverbera como um ritual contemporâneo de resiliência. Como ela mesma define: “Pode-se até aterrar um rio tentando apagar a história que vive lá, porém debaixo da terra a água continuará a circular, até o dia em que, à superfície, ela retornará.”

A curadoria do projeto é atravessada por essa escuta da terra e do corpo como territórios de saber. Bárbara Matias Kariri, uma das curadoras, resume: “Corpos que dançam interligados com a terra. Fazer curadoria como quem olha para o chão onde pisa, como quem exercita a escuta para saber quais sementes plantar. Dançar Pindorama para dizer da resistência e fé presentes nesses corpos antigos e futuros.”

Ao reunir expressões artísticas de pessoas negras e indígenas, o Sesc RJ acompanha e fortalece o movimento cultural que transforma o terreno da possibilidade em terreiro de criações, abrindo caminhos estético-políticos na cena brasileira. Como destaca a curadora Ágatha Oliveira, trata-se de garantir “a oportunidade, a possibilidade, a realização; o fazer a dança que se deseja e como se deseja”. A cada edição, consolida-se um espaço de investigação, descobertas e permanência para corpos que insistem, criam e movem as estruturas.


PROGRAMAÇÃO


Centro Cultural Sesc Quitandinha
(Av. Joaquim Rolla, 2)


Ané das Pedras | Coletiva Flecha Lançada | performance | 7/6 às 11h
Ané das pedras Ané é sonho. Sonhar pelas pedras, pedir à ancestral pedra para nascer com saúde. Escutá-la. A pedra sente e fala. A pedra é como o sonho, acolhe todo corpo da terra. A pedra é mais experiente que meu corpo de carne e osso, por isso, já fui pedra. A pedra escutou a história da mãe da avó. Essa performance é um ritual de plantação de pedra como quem conta o sonho.


Kolofé | Júlio Rocha | dança | 7/6 às 13h
Performance que transcende a dança, combinando hip hop, dança contemporânea e capoeira em uma experiência intensa e envolvente. Criado pelo bailarino Júlio Rocha, o projeto busca dar visibilidade às periferias e destacar sua rica produção cultural. A apresentação mistura movimentos do Rap e Break Dance com a ancestralidade da capoeira, convidando o público a refletir sobre identidade, pertencimento e coletividade. Além de ser um espaço de expressão e autoconfiança, Kolofé reafirma a importância da arte periférica e sua contribuição para a cultura brasileira.


Oficina Corporal: Práticas de Capoeira na Dança Contemporânea | Júlio Rocha | 11/6 às 18h
A atividade propõe um mergulho no diálogo entre a capoeira e a dança contemporânea, explorando suas possibilidades de movimento, ritmo e expressão. A aula inclui exercícios que desenvolvem consciência corporal, resistência física, coordenação e fluidez, combinando elementos aeróbicos e de força com jogos criativos e dinâmicos para experimentação e diversão através do corpo em movimento. Aberta a pessoas com ou sem experiência prévia em dança ou capoeira. Inscrições pelo link: https://bit.ly/corponegroindigena2025 . Sujeito a limite de vagas.


Uma Dança para nossas histórias | Diogo Nascimento | dança | 13/06 às 19h
Nesse espetáculo de Dança ninguém morrerá. Mesmo ainda vivendo as intermináveis complexidades em ser negro dentro de uma sociedade que reverbera a desigualdade produzida durante o tempo da escravidão no Brasil. Em exercício colaborativo com artistas de vários territórios da cidade do Rio de janeiro, todas negras, negros e iniciados na vida pela ditadura social do masculino que nossa dramatrgia acontece. Nessa arena criamos um espaço para dividir a palavra, a poética e os desejos. Um encontro único e você é nosso convidado, para dançarmos nossas histórias e desejarmos amanheceres outros.


Herdei meu corpo | Valéria Monã | dança | 14/6 às 19h | classificação 14 anos
Em “herdei meu corpo”, uma atriz expõe as cicatrizes, feridas e suturas de um corpo coletivo, como a protagonista de uma história de sequestro e de resgates. Ela instaura uma cena em que sua negritude absorve alguns termos do vocabulário pós-dramático, transitando entre o teatro e a dança, assumindo o lugar da atriz em detrimento da personagem, jogando com a ficção e a realidade e propondo uma relação entre palco e plateia baseada em referências culturais africanas, para compor um acontecimento em que a fala, o rosto e a postura da herdeira de um povo possam comunicar a perigosa alegria revolucionária de quem milita na perene disputa pelo direito à terra, ao corpo e ao discurso.


Bamberê | Grupo Baquetá | música | 19/6 às 19h
Bamberê, palavra africana, remete às canções de ninar amazônicas. É nome também do espetáculo do Grupo Baquetá, que passeia por ritmos afro urbanos como funk e rap, mesclando canções com histórias e brincadeiras, todas autorais, abordando as diversidades culturais, sociais e ambientais do Brasil. Com um detalhe: grande parte dos instrumentos é feita com material alternativo. Esse gancho de sustentabilidade também está presente no material dos bonecos, que são reciclados, e na mensagem das brincadeiras, que trazem o respeito ao meio ambiente, a importância das águas e das florestas para a vida humana, e a reflexão sobre pertencimento e qualidade de vida na infância e adolescência.


Sessão 7 | Curai-vos + Pisa Ligeiro + Caipora + O tempo é um pássaro + Mãtãnãg, A Encantada | audiovisual | 10/6 às 14h
Curai-vos | Clementino Junior | Omolú é o Orixá da praga e da cura. Em tempos de isolamento, nele residem os caminhos para uma nova normalidade. Experimento realizado durante o distanciamento social pela pandemia do COVID-19.
Pisa Ligeiro | Siba Carvalho Puri / Lua Mc | Dirigido e produzido por Siba Puri e Rafaella Orneles (Synesthezk), o filme "Pisa Ligeiro", de Siba Carvalho Puri em parceria com Lua Mc, é uma obra inspirada pelo futurismo indígena e pela vida em Pindorama, antes da chegada dos colonizadores. Através de uma linguagem audiovisual com elementos psicodélicos, o clipe traça um paralelo entre passado, presente e futuro, refletindo sobre saúde e vida em harmonia com a Terra. Ele também expressa os desafios e sentimentos de uma indígena que vive em meio ao caos urbano, mas busca retornar às suas raízes, especialmente em um contexto pandêmico, quando o desejo de estar junto aos seus parentes é intensificado. A canção foi criada em um momento de conexão espiritual entre as artistas, durante um ritual de ayahuasca, o que também influencia a narrativa do videoclipe, que louva a Mãe Terra e celebra a relação sagrada com a floresta. O clipe reflete a fusão entre a arte ancestral indígena e preta a elementos contemporâneos, unindo o trap com maracatu, flautas e synths psicodélicos. O filme destaca a importância da continuidade das tradições indígenas e a sua conexão com os novos tempos.

Caipora | Rafaela Correia e Amanara Brandão | “Caipora” surge em meados de 2019, enquanto pesquisa acadêmica, e segue como trabalho independente em desenvolvimento. Consiste em um processo de criação colaborativa, com dramaturgia autoral, partindo da lenda amazônica Caipora Protetora da Floresta, mesclando em experimentações audiovisuais elementos estéticos da cultura ribeirinha e acontecimentos contemporâneos, trazendo à  tona temas como regionalismo, violência contra a mulher, resgate histórico da identidade local e a relação do ser humano com a floresta.

O tempo é um pássaro | Yasmin Thayná | Zuri vive num lugar onde seu pertencimento está por um fio: seus parentes não falam mais a sua língua. Depois de algumas tentativas, ela toma coragem e inicia uma jornada pela construção do seu espaço de conforto e vai ao encontro de sua verdadeira família.

Mãtãnãg, A Encantada | Shawara Maxakali e Charles Bicalho | A índia Mãtãnãg segue o espírito de seu marido, morto picado por uma cobra, até a aldeia dos mortos. Juntos eles superam os obstáculos que separam o mundo terreno do mundo espiritual. Uma vez na terra dos espíritos, as coisas são diferentes: outros modos regem o sobrenatural. Mas Mãtãnãg não está morta e sua alma deve retornar ao convívio dos vivos. De volta à sua aldeia, reunida a seus parentes, novas vicissitudes durante um ritual proporcionarão a oportunidade para que mais uma vez vivos e mortos se reencontrem. Falado em língua Maxakali e legendado, Mãtãnãg se baseia em uma história tradicional do povo Maxakali.


Sessão 8 | Nossos Passos Seguirão os Seus + O que diz uma memória? + Dona Beatriz Ñsîmba Vita | audiovisual | 11/6 às 15h
Nossos passos seguirão os seus | Uilton Oliveira | A exploração é a lei, a greve eis o crime. No contexto da forte greve da classe trabalhadora e da repressão policial que se seguiu no Brasil na década de 1920, o curta-metragem resgata a figura do sindicalista Domingos Passos.

O que diz uma memória? | Luana Ferreira | Gertrudes, Luciana e Francisca são três mulheres residentes em um bairro em Nilópolis, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Apesar de serem de gerações diferentes, elas compartilham experiências, desabafos, confissões e medos do passado e do presente. À medida que se aproximam e interagem, o vínculo entre elas se transforma, revelando como a proximidade influencia sua relação.
Dona Beatriz Ñsîmba Vita | Catapreta | Um filme livremente inspirado na vida e legado da personagem histórica conhecida como Kimpa Vita, heroína congolesa do século XVII. Ambientado na contemporânea cidade brasileira de Belo Horizonte, conhecemos uma mulher singular, determinada a cumprir a missão divina de criar seu próprio povo, usando uma habilidade única de produzir clones de si mesma, na cozinha de sua casa.


Sessão 9 | Sessão de curtas: Icamiabas: Backup do Futuro + Rua Dinorá | audiovisual | 15/6 às 16h
Icamiabas | Depois de perder acidentalmente todas as cópias de sua monografia da faculdade, Laci e as outras Icamiabas usam sua gata-nuvem chamada Nuvenzinha para ir até a Cidade Alta, bairro super tecnológico que flutua nas nuvens e visitar o Tecnomuseu, lugar que guarda todos os backups de tudo que já foi escrito e de tudo que ainda será. Mas quando uma interminável burocracia e fantasmas de dinossauros se interpõem no caminho, as Icamiabas percebem que o backup nem sempre compensa.

Rua Dinorá | Dinorá é uma menina de 10 anos que luta karatê e precisa vender rifas para custear uma viagem para um campeonato. Nesse trajeto, ela descobre a história da sua rua e do seu bairro.

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