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Quitandinha: quando o passado antecipa o futuro

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Flavio Menna Barreto

Inaugurado em 1944, em plena Segunda Guerra Mundial, o Hotel-Cassino Quitandinha, situado logo na principal entrada de Petrópolis, não foi apenas uma obra grandiosa em termos arquitetônicos e de luxo foi, sobretudo, um símbolo de visão e ousadia. À frente desse ambicioso projeto estava Joaquim Rolla, um ex-tropeiro de Minas Gerais que, com olhar atento às transformações do mundo, percebeu algo que muitos ainda não enxergavam: o turismo se tornaria uma das grandes forças econômicas do futuro.

Em um momento em que o mundo ainda vivia os horrores da guerra, Rolla, chamado de o “rei dos cassinos”, apostou em algo novo e disruptivo para o Brasil da época: criar, fora das grandes cidades, um centro internacional de lazer, entretenimento e sofisticação capaz de atrair visitantes de todas as partes do planeta. E escolheu para isso a charmosa Petrópolis, com seu clima ameno, sua história imperial e sua proximidade estratégica do Rio de Janeiro. Fundada por D. Pedro II, a cidade permaneceu durante boa parte da República servindo de capital de verão para diversos presidentes, em especial, Getúlio Vargas.

O Quitandinha foi concebido como um complexo hoteleiro e cassino de padrão internacional, inspirado nos grandes palácios e nos hotéis de luxo europeus. Com 13 salões principais e 300 apartamentos em sua fase inicial, o empreendimento unia arquitetura e decoração exuberantes, tecnologia de ponta para a época e uma programação cultural que incluía shows, bailes e eventos de gala elementos que criavam uma experiência única para os hóspedes e visitantes.

Mais do que um espaço de hospedagem ou de jogos, o Quitandinha era uma vitrine do futuro: antecipava o que décadas depois se consolidaria como turismo de experiência, onde o destino vai além da paisagem e se torna um palco de vivências marcantes. Rolla compreendeu que o Brasil tinha potencial para se tornar um polo de atração internacional, e que o turismo até então uma atividade elitizada e pontual se tornaria um setor estratégico de desenvolvimento econômico, cultural e social.

Seus palcos apresentaram atrações nacionais e estrangeiras da música, teatro, cinema e televisão e também lançaram muitos nomes ao estrelato.

Embora o funcionamento do cassino tenha sido encerrado precocemente, com a proibição do jogo no Brasil em 1946, o legado visionário de Joaquim Rolla resiste. O Quitandinha não foi apenas um hotel, mas um marco que revelou o potencial transformador do turismo, quando bem planejado e pensado com ousadia. Hoje, seus salões sociais são administrados pelo Sesc e permanecem como parte do imaginário histórico e cultural brasileiro, sendo visitados e admirados por milhares de pessoas, provando que, às vezes, o futuro pode começar antes quando alguém se atreve a sonhá-lo.

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