- Mauro Peralta - médico e vereador
À medida que 2024 chega ao fim, a realidade para os petropolitanos e, de maneira geral, para os brasileiros, não é das mais animadoras. Como em 2023, muitos de nós nos deparamos com um cenário econômico desafiador. A inflação, que já é uma preocupação constante, ultrapassou o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e causou alarme nos mercados e na população, especialmente entre os mais idosos, que ainda lembram dos tempos em que as máquinas de remarcação de preços eram usadas várias vezes ao dia.
O Congresso Nacional aprovou a Reforma Tributária, que, embora tenha trazido algumas vantagens, como a diminuição da burocracia e maior segurança jurídica, também impôs um aumento significativo no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que atingiu a impressionante taxa de 28,5%, a maior do mundo. Embora a reforma tenha o potencial de trazer uma ou outra melhora a longo prazo, nossa insana carga tributária continuará pesando no bolso de todos os brasileiros.
Enquanto isso, nossos vizinhos argentinos estão experimentando uma virada econômica. Sob a liderança do presidente libertário Javier Milei, a Argentina adotou políticas de austeridade fiscal e liberdade econômica que começaram a dar frutos. Os salários no país subiram acima da inflação, a pobreza diminuiu e, pela primeira vez em 123 anos, a Argentina registrou superávit fiscal. Além disso, o aumento de preços, que estava em 25,5% ao mês quando Milei assumiu, caiu para 2,4%, uma redução de mais de 10 vezes em menos de 1 ano. A emissão de moeda, que é a verdadeira inflação, foi zerada, e a bolsa de valores argentina teve um crescimento de cerca 70% em dólares durante 2024, enquanto a brasileira caiu cerca de 20%. O futuro parece muito promissor para nossos vizinhos do sul.
Aqui no Brasil, a situação é bem diferente. O governo federal, sob a liderança do presidente Lula, enfrenta sérios problemas com as estatais, que têm apresentado prejuízos exorbitantes. Os Correios, por exemplo, aumentaram seu prejuízo em absurdos 780% no mês passado. Além disso, nosso déficit nominal já está acima de 1 trilhão há mais de um semestre, o maior desde o início da série histórica em 2001.
Em Petrópolis, as empresas de economia mista enfrentam um cenário alarmante, acumulando prejuízos milionários: aproximadamente 400 milhões de reais no SEHAC, 250 milhões na COMDEP e dezenas de milhões no INPAS, além do déficit crescente da CPTrans. No entanto, ao menos uma luz no fim do túnel parece surgir com a perspectiva da saída do atual prefeito, cuja gestão deixa como legado uma cidade em crescente decadência. Em vez de hortênsias, a cidade se vê coberta de lixo, com ruas e córregos poluídos e bueiros entupidos. A falta de mobilidade urbana é um problema que só se agrava, enquanto o transporte público, que já é caro, viu o aumento das passagens autorizado pela Justiça, tornando-se o mais alto do estado do Rio de Janeiro.
A falta de gestão nas empresas de economia mista da cidade geram uma sensação crescente de desconfiança na população. No entanto, temos esperança de que, em algum momento, os responsáveis por esses prejuízos sejam punidos e o dinheiro do fundo de capitalização dos servidores, que sumiu do INPAS, seja devidamente restituído.
A saúde pública segue sendo um dos maiores desafios, marcada pela escassez de atendimento básico, pela falta de exames essenciais e pelas filas intermináveis para consultas médicas. Nas escolas públicas, a situação não é diferente. Problemas como a carência de merenda agravam a evasão escolar e impactam negativamente o desempenho dos alunos, refletindo nos baixos índices educacionais do Brasil, que continua ocupando as últimas posições no ranking do PISA, um dos principais indicadores mundiais de qualidade do ensino.
Quando os fogos de artifício iluminam o céu na virada do ano, muitos de nós renovam a esperança. Quem sabe a próxima gestão municipal seja capaz de resgatar a autoestima da população petropolitana, composta por cidadãos que estudam, trabalham e pagam impostos, apenas para ver esse dinheiro ser mal administrado e desperdiçado. Que 2025 seja, de fato, um ano de mudança e novos rumos para nossa cidade e nosso país.
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