“O que acontecer nos próximos cinco anos será crucial para o futuro da vida na Terra, mas temos o poder e a oportunidade de mudar o rumo”, ressalta a organização
Mariana Machado estagiária
O relatório foi publicado nesta quinta-feira (10) pelo Fundo Mundial Para a Natureza (WWF), e faz um alerta de que a Terra se aproxima de pontos de não retorno perigosos, impulsionados pela perda da natureza e mudanças climáticas, que apresentam graves ameaças também para a humanidade. Um ponto de não retorno ocorre quando um ecossistema é empurrado além de um limite crítico, resultando em mudanças substanciais e potencialmente irreversíveis, como o colapso da Floresta Amazônica e a morte em massa de recifes de corais.
De acordo com dados apurados pelo Índice Planeta Vivo (LPI), o tamanho médio das populações de animais selvagens monitorados diminuiu em 73% nos últimos 50 anos (de 1970 a 2020). A cifra vem de quase 35 mil tendências populacionais de 5.495 espécies de anfíbios, aves, peixes, mamíferos e répteis. As populações de água doce sofreram os declínios mais severos, diminuindo em 85%, seguidas pelas populações de espécies terrestres (69%) e marinhas (56%).
As quedas mais rápidas têm sido observadas na América Latina e no Caribe, que registraram um decréscimo de 95%, considerado preocupante pela organização. Em seguida, vem África (76%) e Ásia e Pacífico (60%). Os declínios foram menores na Europa e na Ásia Central (35%) e na América do Norte (39%), entretanto, o relatório ressalta que isso reflete o fato de que os impactos em larga escala na natureza já eram aparentes antes de 1970 nessas regiões.
“Na Amazônia, o desmatamento e as alterações climáticas estão causando redução nas chuvas, e o ponto de não retorno pode ser alcançado onde as condições ambientais se tornarem inadequadas para a floresta tropical, com consequências devastadoras para as pessoas, a biodiversidade e o clima global. O ponto de não retorno pode estar no horizonte se apenas 20% a 25% da Floresta Amazônica for destruída e estima-se que algo entre 14% e 17% já tenha sido desmatada”, alerta o relatório.
Kirsten Schuijt, Diretora Geral do WWF Internacional, alerta que “As consequências catastróficas de perder alguns dos nossos ecossistemas mais preciosos, como a Floresta Amazônica e os recifes de corais, seriam sentidas por pessoas e pela natureza ao redor do mundo.”
As nações do mundo já haviam definido algumas metas globais para um futuro sustentável, que incluía interromper e reverter a perda de biodiversidade, limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C (sob o Acordo de Paris) e erradicar a pobreza e assegurar o bem-estar. Entretanto, o cenário atual se mostra distante dos objetivos traçados. Os compromissos climáticos nacionais levariam a um aumento médio da temperatura global de quase 3°C até o final do século, desencadeando inevitavelmente múltiplos pontos catastróficos de não retorno, e mais de metade das metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para 2030 não serão cumpridas, com 30% delas estagnadas ou piorando a partir da linha de base de 2015.
Além dos grandes perigos aos animais e à humanidade, o relatório também informa que “Globalmente, mais de metade do PIB (55%) ou cerca de US$ 58 trilhões é moderada ou altamente dependente da natureza e dos seus serviços”.
“Embora a situação seja desesperadora, ainda não ultrapassamos o ponto de não retorno. Temos acordos globais e soluções para colocar a natureza no caminho da recuperação até 2030, mas até agora houve pouco progresso e falta de urgência. As decisões tomadas e as ações realizadas nos próximos cinco anos serão cruciais para o futuro da vida na Terra. O poder e a oportunidade estão em nossas mãos para mudar o rumo. Podemos restaurar nosso planeta vivo se agirmos agora”, conclui a diretora geral.
A Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizam atividades de sensibilização e educação ambiental visando conservação ambiental e coexistência harmônica entre sociedade e a fauna silvestre. Dentre as atitudes necessárias para esta conservação ambiental estão: o consumo consciente, a destinação adequada dos resíduos, a não introdução de espécies exóticas em áreas naturais e denúncias de crimes contra o meio ambiente.
A pasta ambiental salienta que a conservação da biodiversidade está diretamente ligada à qualidade ambiental dos ecossistemas, responsáveis por fornecer ao homem uma série de benefícios como água, alimentos, combustíveis, fármacos, condições climáticas adequadas, controle de pragas e doenças. Assim, o declínio nas populações de vida selvagem traz um significativo impacto para o homem.
Cabe ressaltar que o órgão ambiental estadual administra 40 unidades de conservação estaduais que juntas, protegem cerca de 494 mil hectares de Mata Atlântica onde estão inseridas amostras de todos os ecossistemas nativos da Mata Atlântica fluminense como floresta densa, restingas, manguezais e áreas úmidas como brejos, lagoas e lagunas.
Veja também: