Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta aumento de desaparecimentos, crimes patrimoniais e violência contra a mulher no estado.
Emanuelle Loli - estagiária
A 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada na última quinta-feira (24), revelou um agravamento significativo da violência no estado do Rio de Janeiro em 2024. Embora os indicadores de Mortes Violentas Intencionais (MVI) tenham apresentado queda tanto no estado quanto no país, outros dados mostram que o Rio seguiu na contramão da tendência nacional. Alguns dos destaques negativos vão para o aumento nos casos de desaparecimentos, crimes contra o patrimônio e violência contra a mulher.
Mortes Violentas Intencionais (MVI)
Em 2024, o Estado do Rio de Janeiro registrou 3.809 mortes violentas intencionais (MVI), com taxa de 22,1 por grupo de 100 mil habitantes, uma redução de aproximadamente 10,8% em relação ao ano anterior, quando a taxa foi de 24,8 por 100 mil. Esta é a menor taxa de MVI desde 2012.
O Brasil também registrou a menor taxa de MVI desde 2012. Em 2014, o país registrou 44.127 mortes violentas intencionais com taxa de 20,8 por grupo de 100 mil habitantes, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior, quando a taxa foi de 21,9 por 100 mil
A categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) corresponde à soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora.
Desaparecimento
A taxa de registros de desaparecimentos cresceu 4% no Rio de Janeiro em 2024, totalizando 6.047 casos notificados às Polícias Civis no estado.
No Brasil, essa taxa também teve registro de aumento. Os números cresceram 4,9% em 2024, totalizando 81.873 casos notificados. Segundo o Anuário, “Após uma queda acentuada nos anos de 2020 e 2021, período da pandemia de Covid-19, os registros voltaram a subir, atingindo, no último ano, o maior número desde 2018. Considerando as estatísticas recentes, foram realizadas, em média, quatro notificações de desaparecimento por hora às autoridades policiais”.
Crimes contra patrimônio
No Rio de Janeiro, dos registros de crimes contra patrimônio, destacam-se aqueles que tiveram aumento no estado: Roubo e furto de veículos, celulares,cargas e crimes contra pedestres.
O número de roubos e furtos de veículos no Estado cresceu 20,1% em 2024, totalizando 48.267 registros. No cenário nacional, no entanto, houve uma redução de 7,5%: foram 344.596 casos registrados em 2024, frente aos 358.239 de 2023.
Os furtos e roubos de celulares também apresentaram crescimento no Estado. Em 2024, foram 58.813 ocorrências, um aumento de 21,5% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, no Brasil, os casos caíram 13,4% no mesmo período: de 969.197 em 2023 para 850.804 em 2024.
Já os roubos de carga tiveram um aumento de 6,6%, com um total de 3.437 casos registrados em 2024. No cenário nacional os números também registraram diminuição em mais de 14%.
Em relação aos crimes contra pedestres, foram registrados 30.870 furtos no Estado em 2024, o que representa um crescimento de 0,9% em comparação a 2023. No cenário nacional esses números apresentaram redução: foram 329.856 casos registrados em 2024, enquanto em 2023 o número chegou a 424.594.
Violência sexual e doméstica contra mulheres
O número de feminicídios no Estado cresceu 8% em 2024, tendo 107 registros de mulheres mortas. Das tentativas desse crime a vida, houve registro de aumento em 24% com 382 registros feitos.
Dos registros de lesão corporal dolosa ligados a violência doméstica quando as vítimas são mulheres, os números no rio de janeiro chegaram a 28.823, um aumento em 6,1% comparado ao ano de 2023.
Os números de ameaça contra mulheres que foram registrados no Estado também tiveram aumento. Em 2023 os números chegaram a 43.333, enquanto no ano seguinte, foram feitos 46.203 registros, um aumento em 6,6%.
As ocorrências de perseguição (stalking) e violência psicológica com vítimas mulheres no Estado do Rio de janeiro também apresentaram alta: 25,4% e 34,1%, respectivamente.
Em 2024, das medidas protetivas de urgência distribuídas e concedidas pelos Tribunais de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no contexto da Lei Maria da Penha, os números de medidas distribuídas foram 58.709, um aumento em 6% com relação ao ano anterior, e das medidas concedidas o total foi de 47.120, representando um aumento em 11,6%.
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