Especialista explica como a prática workaholic pode afetar o trabalhador
Larissa Martins
Ir em busca de conquistar a tão sonhada vaga de emprego e alcançar o sucesso na vida profissional, após estudar durante anos, é normal durante a vida de qualquer pessoa. No entanto, algumas não conseguem se controlar quando se trata do trabalho, se dedicando de tal forma que se torna uma obsessão. O termo workaholic é associado a esses funcionários que estão 24h do dia conectados com as obrigações profissionais.
A diferença entre trabalhar em excesso e ser dedicado está na qualidade do tempo investido e no impacto sobre a saúde e a vida pessoal. A dedicação saudável é aquela em que o indivíduo está focado e engajado, mas sabe quando é hora de parar, descansar e se reenergizar. Trabalhar em excesso, por outro lado, leva à exaustão e geralmente compromete outras áreas da vida.
Identificando os comportamentos
A especialista em desenvolvimento humano e inteligência emocional, Marta Rossini, alerta sobre os sinais mais comuns de que alguém está se tornando um workaholic. Eles são sutis, mas podem ter grandes consequências. Entre os primeiros está a dificuldade de se desligar do trabalho, mesmo em momentos de descanso, e pensamentos recorrentes sobre as tarefas. Muitas vezes, a pessoa se sente culpada por não estar constantemente produzindo. Outro indicador é a perda de interesse por atividades de lazer ou interação social, além da sensação persistente de que nunca está fazendo o suficiente. A autoconsciência é uma ferramenta fundamental para identificar esses comportamentos antes que eles afetem a saúde física e mental. Perceber quando o estresse do trabalho começa a invadir a vida pessoal é um alerta importante. Trabalhar em excesso, que antes era visto como sinônimo de sucesso, hoje é reconhecido como um fator que pode desencadear problemas de saúde, como doenças cardíacas, ansiedade e depressão, além de prejudicar relacionamentos., expõe Marta.
Equilíbrio emocional
Com o cenário pós-pandemia, surgiu uma oportunidade única de alinhar o trabalho com uma rotina mais equilibrada e satisfatória através do "anywhere office", onde é possível trabalhar de qualquer lugar. Um profissional que se sente realizado e equilibrado não somente melhora seu desempenho, mas também gera melhores resultados para a organização.
Equilibrar emoções e gerenciar as expectativas que surgem nesse novo formato de trabalho não é fácil, mas ao fortalecer nossa inteligência emocional, podemos promover um ambiente mais saudável, tanto no campo pessoal quanto no profissional, e avançar de forma mais leve e produtiva. Prevenir o esgotamento físico e mental no trabalho exige uma abordagem equilibrada que abrange a saúde física, mental e emocional. O primeiro passo é reconhecer os próprios limites. Quando entendemos até onde podemos ir sem comprometer nosso bem-estar, conseguimos tomar decisões mais inteligentes e eficientes. Isso nos permite agir preventivamente, evitando o acúmulo de cansaço e o desgaste excessivo. Pausas regulares durante a rotina de trabalho são essenciais para recarregar as energias e manter o foco. Atividades que trazem prazer, como exercícios físicos, hobbies e momentos de lazer, também desempenham um papel importante nesse processo, ajudando a liberar a tensão e a relaxar a mente, ensina Rossini.
Estratégias
Além disso, uma boa organização do tempo e a capacidade de delegar tarefas são cruciais para evitar sobrecarga. Muitas vezes, o esgotamento ocorre quando a pessoa assume mais responsabilidades do que consegue lidar de maneira saudável. Uma estratégia prática para quem sente dificuldade em desligar do trabalho é criar rituais de transição entre o serviço e a vida pessoal.
Para aqueles que trabalham de forma remota, isso pode envolver uma caminhada, meditação ou até mesmo a troca de roupa após o término do expediente. Técnicas de mindfulness também são eficazes para desconectar mentalmente, focando no presente e deixando de lado preocupações futuras. Outra abordagem é o gerenciamento de tempo: definir horários claros para encerrar o trabalho e dedicar tempo de qualidade para atividades pessoais. Essas pequenas ações reforçam os limites entre as áreas da vida, auxiliando no "desligamento" do trabalho de forma saudável.
Ajuda dos empregadores
De acordo com a especialista, as empresas também podem oferecer suporte aos seus colaboradores investindo em programas de apoio emocional, como terapias e coaching, além de promover treinamentos em desenvolvimento humano para a equipe. A criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar seus desafios é fundamental. Flexibilidade no horário de trabalho e iniciativas que incentivem a desconexão após o expediente também são práticas que fazem diferença. Quando as empresas promovem uma cultura de autocuidado, o resultado é uma equipe mais saudável, produtiva e motivada, conclui Marta.
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