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São Paulo ganha primeira biofábrica do Método Wolbachia

Foto: Divulgação
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Alessandro Vieira (WMP Brasil)

O World Mosquito Program (WMP), a Prefeitura de Presidente Prudente e o Governo de São Paulo inauguraram na última sexta-feira (25/7), a biofábrica do Método Wolbachia no município. A iniciativa é conduzida pelo WMP Brasil e Fiocruz e tem financiamento do Ministério da Saúde. A cerimônia marcou também o início das liberações dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia no município.

Com aproximadamente 400 metros quadrados, a biofábrica está localizada no bairro Jardim Everest e conta com estrutura equipada com salas de triagem, larvas, tubos, lavagem, estoque e refeitório. É nesse espaço que profissionais capacitados realizarão as etapas finais do método, incluindo a eclosão dos ovos dos mosquitos com Wolbachia e a montagem dos tubos para liberação em campo.

De acordo com a vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz, “a inauguração da nova biofábrica, a primeira do Método Wolbachia em São Paulo, representará um importante avanço no combate às arboviroses na região de Presidente Prudente e em todo o oeste do estado. A cidade registrou grande número de casos de dengue, e de óbitos pela doença, nos primeiros meses de 2025, segundo dados do Ministério da Saúde. Assim, a implementação do Método Wolbachia como estratégia complementar às atividades desenvolvidas pelo município, reforça a parceria entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz na consolidação de novas estratégias para redução dos casos de dengue e outras arboviroses”.

A líder do Método Wolbachia no Brasil, Eliane Moreira, abordou a importância das parcerias para que a implementação de fato aconteça na cidade. Ela ressaltou que mesmo com as liberações, todos os cuidados precisam continuar sendo mantidos tanto pelo poder público quanto pela população. “Reforçamos que a população precisa seguir tomando todos os cuidados. O Método Wolbachia é uma estratégia complementar. Tanto a população quanto os governos locais devem seguir mantendo as ações contra a dengue, zika e chikungunya”, reforça Eliane Moreira.

Já a gestora de projetos do Método Wolbachia, Ana Carolina Rabelo, afirma que as liberações dos Wolbitos em Presidente Prudente devem durar aproximadamente 20 semanas. “É fundamental que todos conheçam e compreendam essa tecnologia que atua no combate às arboviroses. Nosso objetivo é levar mais saúde para a população. Cerca de 113 mil pessoas serão contempladas”, conta Ana Carolina.

A implementação da tecnologia em Presidente Prudente está entre as seis novas frentes do WMP no Brasil, ao lado de Uberlândia (MG), Natal, Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR) e Joinville (SC). As liberações em Presidente Prudente vão contemplar 83 bairros da cidade, entre eles Ana Jacinta, Cecap, Jardim Bela Dária, Parque Furquim, Vila Maristela e Jardim Itatiaia.

“"Hoje, ao inauguramos a biofábrica do Método Wolbachia, reafirmamos nosso compromisso de fazer a saúde pública uma prioridade, com tecnologia, participativa e humana. Reforçamos o compromisso com a população prudentina, que continuaremos adotando medidas de prevenção à dengue, como bloqueio de criadouros, busca ativa de novos casos e mobilização social”, afirmou a Secretária municipal de Saúde, Adriana Vitório.

"Como parte do compromisso do Estado de São Paulo com a saúde pública, o GVE Presidente Prudente apoia a implantação da Wolbachia em nossa região, fortalecendo a parceria entre Estado e municípios no enfrentamento das arboviroses", disse a diretora do Grupo de vigilância Epidemiológica, regional do Governo de São Paulo, Ana Paula Lagisck. A seleção do município foi realizada pelo Ministério da Saúde que considerou critérios técnicos como população acima de 100 mil habitantes, alta incidência de arboviroses, histórico de casos nos últimos dez anos, clima e presença de aeroporto.

O Método Wolbachia

A tecnologia consiste na introdução de um microorganismo - chamado Wolbachia - nos mosquitos Aedes aegypti, que os impede de transmitir dengue, zika, chikungunya e outras arboviroses. A Wolbachia está naturalmente presente em cerca de 60% das espécies de insetos, como borboletas, libélulas e moscas, e não causa danos à saúde humana ou ao meio ambiente.

Quando os mosquitos com Wolbachia são liberados na natureza, eles se reproduzem com os mosquitos locais e, ao longo de semanas, a maioria da população passa a ter essa bactéria. Assim, a Wolbachia se mantém nas novas gerações de mosquitos, reduzindo a transmissão das arboviroses.

Bairros contemplados

Ana Jacinta, Bartolomeu Bueno Miranda - Cohab, Bosque, Brasília, Cecap, Centro, Dahma 1, Dahma 2, Grupo Esquema, Inocop, Jardim Aviação, Jardim Bela Daria, Jardim das Rosas, Jardim Estoril, Jardim Evereste, Jardim Guanabara, Jardim Humberto Salvador, Jardim Iguaçu, Jardim Itatiaia, Jardim Maracanã, Jardim Marupiara, Jardim Monte Alto, Jardim Novo Bongiovani, Jardim Paulista, Jardim Planaltina, Jardim Planalto, Jardim Prudentino, Jardim Regina, Jardim Rota do Sol, Jardim Santa Cecilia, Jardim Santa Fe, Jardim Santa Paula, Jardim São Bento, Jardim São Domingos, Jardim São Sebastiao, Joao Domingos Neto, Mario Amato, Nova Industrial, Nova Planaltina, Novo Planalto, Parque Alto do Bela Vista, Parque Cedral, Parque Furquim, Parque Novo Alvorada, Parque Residencial Mediterrâneo, Parque Residencial Nosaki, Parque Residencial São Lucas, Parque Residencial São Matheus, Porto Bello Residence, Porto Madeiro Residence, Porto Seguro Residence, Residência Tapajós, Residencial Anita Tiezzi, Residencial Bela Vista 1, Residencial Cremonese, Residencial Damha Belvederi, Residencial Florenza, Residencial Funada, Residencial Jarina, Residencial Monte Carlo, Residencial Royal Park, Santa Monica, Vila Boa Vista, Vila Bonita, Vila Coronel Goulart, Vila Charlote, Vila Claudia Gloria, Vila Dubos, Vila Estádio, Vila Flores, Vila Furquim, Vila Industrial, Vila Jesus, Vila Lessa, Vila Líder, Vila Machadinho, Vila Malamam, Vila Maristela, Vila Nova Prudente, Vila Paulo Roberto, Vila Pinheiro, Vila Real e Vila Santa Helena.

WMP no Brasil

As primeiras liberações de mosquitos com Wolbachia no Brasil começaram em setembro de 2014, no Rio de Janeiro, após a aprovação do governo e o apoio da comunidade local. Antes da primeira liberação, nossa equipe no Brasil passou mais de dois anos monitorando os mosquitos e trabalhando com as comunidades em nossos locais de teste de campo. Em 2017, após testes animadores em pequena escala, o World Mosquito Program iniciou implantações em larga escala no Brasil. Foram impactadas mais de 3,2 milhões de pessoas nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Campo Grande e Petrolina. Em 2024, o trabalho foi iniciado em seis novos municípios, que incluem Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR) e Joinville (SC), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal.

Eficácia

O Método Wolbachia tem eficácia comprovada. Um Estudo Clínico Controlado Randomizado (RCT, sigla em inglês), realizado em Yogyakarta, na Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue em áreas tratadas com Wolbachia, em comparação com áreas não tratadas. O impacto positivo da Wolbachia na redução das taxas de transmissão de arbovírus tem sido observado em várias cidades, inclusive em Niterói, onde o número de casos de dengue foi reduzido em 70%, chikungunya em 56% e zika em 37%. Em cenários mais complexos, como o Rio de Janeiro, a redução da transmissão da dengue variou de 10% a 76%, dependendo do estabelecimento da Wolbachia.

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