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Saudade

Mauro Peralta - médico e ex-vereador

Foto: Reprodução
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Com o passar dos anos, os cabelos embranquecem, a vida ensina, e a memória, teimosa, guarda com carinho as lembranças de um passado distante que nunca mais voltará. Sou um analógico cada vez mais perdido no universo digital, onde tudo se resolve pela internet: da compra de blusinhas da China ao comércio eletrônico que domina o mundo. Até a comida agora chega pelo iFood ou Zé Delivery, mas eu preferia quando o prazer estava em comer no Patinha’s, no Fuka’s, no Falconi ou no Paulista, e em bebericar e paquerar no Maurício, no Pinikão ou no Braseiro.

Em vez de Netflix, o que me dava prazer era assistir ao festival Tom e Jerry no Cine Esperanto ou, já adolescente, ir aos cinemas Petrópolis, Capitólio, Dom Pedro, Mini Cinema ou Art Palácio. Ao lado da minha namorada Maria Celi, assistia a um bom filme e ao jornal do César Nunes, vivendo momentos que nenhuma tela de streaming pode substituir.

Como até hoje adoro ler, na infância eu amava as bancas de jornal, que pareciam estar em cada esquina. Esperava ansioso pelas novas edições do Tio Patinhas, Pato Donald, Gastão e Mickey. Mais velho, troquei os quadrinhos pelos jornais, mergulhando nas páginas do Jornal do Brasil e do Correio da Manhã.

Petrópolis já teve uma imprensa vibrante, com vários jornais circulando simultaneamente, como o Jornal de Petrópolis, a Tribuna, o Diário, a Gazeta e até o Jornal de Cascatinha. Hoje, resta apenas o Diário, enquanto a imprensa escrita agoniza em seus últimos suspiros.

Ao longo dos anos, fiz amizade com muitos jornaleiros que seguem resistindo heroicamente, como Adriano, da banca do Pellegrini; Carlinhos, da banca perto do Edifício Imperador; Nei, de Corrêas e Cascatinha; Amaral, da banca no final da avenida; e Rita e Regina, da banca em frente ao Colégio Estadual Dom Pedro II. Não posso deixar de mencionar o finado Marambaia, que, além de jornaleiro, chegou a ser vereador.

As escolas eram, de fato, escolas, e a palavra das professoras era lei. Quem ousasse contestá-las aprendia da pior forma levava bronca na sala de aula e uma reprimenda ainda maior em casa, para nunca mais fazer os pais passarem vergonha. Guardo com carinho a lembrança de minhas mestres no Externato Modelo: professoras Odete, Antonieta e Cecília, que moldaram parte fundamental do meu aprendizado.

A saudade costuma carregar um tom melancólico, mas também é um sentimento doce, que mistura a falta, a distância, a perda e, acima de tudo, muito amor. O tempo, senhor absoluto da razão, segue seu curso implacável e não volta atrás. Mas minha memória, fiel guardiã do passado, jamais esquece a felicidade que existia na simplicidade.








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