Padilha reforçou parceiras com Fiocruz e Instituto Butantan para produção de vacinas contra doenças com RNA Mensageiro; e com Embrapii para criação de centros de competência
Agencia Gov | Via Saúde
O Brasil vive uma oportunidade histórica de se consolidar como protagonista global na produção científica, tecnológica e industrial no campo da saúde. Durante a Plenária do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), nesta quinta-feira (29/5), em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou o fortalecimento de parcerias com instituições de excelência para desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Padilha declarou que a Fiocruz e o Instituto Butantan - para os quais estão destinados R$ 150 milhões do Novo PAC Saúde - e a Embrapii que contará com R$ 60 milhões para a criação de centros de competência - vão atuar em parceria com a Pasta para viabilizar a produção nacional de vacinas com RNA mensageiro (mRNA). Uma das maiores inovações da biomedicina, essas vacinas serão utilizadas para tratar doenças como covid-19 , leishmaniose , câncer, influenza , Zika , chikungunya e doenças respiratórias causadas por vírus sincicial respiratório.
As vacinas produzidas com base no RNA Mensageiro preparam o corpo humano, dando instruções ao sistema imunológico sobre como combater um vírus específico. No caso da covid-19, por exemplo, elas ensinam a combater o coronavírus, simulando o mesmo processo de exposição ao vírus sem causar a doença. “Hoje, estamos garantindo todos os investimentos necessários para que o Instituto Butantan e a Fiocruz possam avançar com a implantação da plataforma de produção de vacinas com tecnologia que utiliza o RNA mensageiro. Estamos completando o que falta para que o Brasil tenha o protagonismo dessa tecnologia estratégica para a saúde pública”, afirmou.
Quanto à Embrapii, Padilha disse que a iniciativa para a construção de núcleos de excelência para mRNA e Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) vai ajudar o Brasil a identificar os melhores patógenos e projetos para que o país seja uma referência mundial nessa área. “A gente pode atrair pesquisadores para participarem em rede e colaborarem com a saúde, mesmo que remotamente, além de envolver, sobretudo, o marco regulatório da pesquisa clínica para atrair investimentos”, afirmou.
Os dois centros de competência visam gerar conhecimento, formar recursos humanos altamente qualificados e fortalecer a capacidade nacional em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I): um será voltado para a plataforma de mRNA e outro para tecnologias relacionadas a IFA baseados na biodiversidade brasileira. Esses núcleos de excelência vão atuar como polos de articulação com agências de fomento e fundações estaduais, ampliando o impacto nacional da iniciativa.
Medicamentos essenciais para tratar doenças raras e produtos inovadores em saúde
Na ocasião, Alexandre Padilha também assinou duas portarias que autorizam 29 projetos para ampliar a capacidade de produção local de medicamentos e o desenvolvimento de novas tecnologias para vacinas, testes, equipamentos médicos e saúde digital. As propostas foram selecionadas por meio do programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) e do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (Pdil) .
Entre os 29 projetos selecionados, sete são referentes a novas PDPs, que vão movimentar cerca de R$ 2 bilhões ao ano para a produção local de medicamentos essenciais para tratar doenças raras, como esclerose múltipla, fibrose cística e atrofia muscular espinhal (AME) .
Para a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS) , Fernanda De Negri, é muito importante que o Brasil tenha competência para produzir medicamentos e vacinas. “Nós vimos, no caso da covid-19, que a dependência em relação a produtos de outros lugares nos deixa mais vulneráveis. Então, é importante a gente ter essa competência tecnológica para produzir, desenvolver medicamentos, vacinas e produtos de saúde. Isso também ajuda a alavancar o desenvolvimento do país, pois o setor de saúde tem peso na economia brasileira, que investe muito em inovação e gera mais renda e acesso à saúde para a população brasileira”, destacou.
Já os outros 22 projetos do Pdil envolvem investimentos de aproximadamente R$ 378 milhões para o desenvolvimento de produtos inovadores nas áreas de saúde digital, vacina, equipamentos médicos e testes diagnósticos. Desse total, mais de R$ 99 milhões são voltados a oito iniciativas em saúde digital, que vão contribuir para a modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) , permitindo que a rede pública de saúde chegue a lugares mais remotos, assistindo populações mais vulneráveis.
Entre os projetos, destaca-se o desenvolvimento de um ultrassom point-of-care (POC), que permitirá a realização de exames diretamente nos locais de atendimento, como blocos cirúrgicos e unidades de saúde. Além disso, uma nova tecnologia de xenotransplante será desenvolvido para ampliar a disponibilidade de órgãos. O objetivo é reduzir as filas no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) .
Destaca-se, ainda, o desenvolvimento de um teste de ácido nucleico (NAT) que intensifica a segurança transfusional - de sangue ou seus complementos -, possibilitando a detecção de vírus e bactérias, inclusive no período de janela imunológica (antes de o portador da doença desenvolver anticorpos). A iniciativa visa ampliar a segurança do doador, do receptor e do profissional que realiza o procedimento.
Brasil protagonista em saúde e inovação
Em 2023, o governo federal lançou a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, a fim de garantir que o SUS produza insumos farmacêuticos, medicamentos, vacinas, dispositivos médicos e outras tecnologias em saúde de modo sustentável. Busca-se, assim, reduzir a vulnerabilidade do país diante de oscilações e crises do mercado internacional.
O objetivo é inserir o Brasil na vanguarda da pesquisa em saúde e, para isso, o Geceis atua como espaço de articulação governamental e formulação de medidas e ações para fortalecer a produção e a inovação a fim de atender as prioridades do SUS. A iniciativa reúne 11 ministérios, nove órgãos públicos, sociedade civil e setor produtivo. Entre as principais iniciativas alinhadas à Estratégia, estão a Nova Indústria Brasil (NIB), o Novo PAC Saúde e os investimentos do BNDES e da FINEP voltados ao fortalecimento do Complexo.
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