“São três elementos que faltam hoje no Ministério da Cultura, e nas suas vinculadas: falta gente, salário e condições de trabalho”, disse o secretário geral do Sindisep-RJ, Raul Bittencourt
Mariana Machado estagiária
Os servidores do Museu Imperial realizaram, nessa quinta-feira (08), uma paralisação em busca de melhores condições de trabalho, por atenção a demandas exigidas ao longo dos últimos 20 anos, e da criação do Plano de Carreira da Cultura (PCCULT), proposto em 2024. O movimento está sendo realizado em diversos estados do país, em que museus federais estão sendo fechados ocasionalmente com o objetivo de atrair atenção para a causa.
O Secretário Geral do Sindisep-RJ (Sindicato Intermunicipal dos Servidores Públicos Federais nos Municípios do Rio de Janeiro), Raul Bittencourt, explica que o motivo da paralisação se deve ao fato de, por 20 anos, os servidores da cultura buscarem negociar um plano de carreira que permita reter pessoal e valorizar a qualificação profissional dos mesmos, mas sem sucesso.
“São três elementos que faltam hoje no Ministério da Cultura, e nas suas vinculadas (neste caso: Ibram, Iphan, Biblioteca Nacional, Funarte e Fundação Cultural Palmares): falta gente, falta salário e faltam condições de trabalho”, disse Raul Bittencourt. “A gente quer trabalhar bem, quer atender as necessidades da sociedade, mas para isso precisamos de condições materiais”, completa.
Para Joseane Brandão, servidora do Iphan, a paralisação do Museu Imperial é importante por conta da importância do museu, tanto para Petrópolis, quanto para o país. “O fechamento dele é importante porque dá visibilidade para nossa luta de 20 anos. Nós temos vários acordos, desde 2005, em que afirmam que vai ser implementado um plano de carreira, mas que não foi cumprido”.
“A gente percebe a importância dele (do museu) quando fecha, quando chegam ônibus aqui, vários turistas, e como ele é importante pra economia da cidade. Estamos fazendo isso em várias instituições”, acrescenta a servidora.
Segundo Joseane Brandão, “hoje a Funarte tem mais terceirizados do que servidores de carreira. Ou seja, a gente está ficando sem servidores nas instituições para poder executar a política pública de cultura. Na semana que vem, temos também a Semana Nacional de Museus. Estaremos em vários museus federais, mostrando que para que esses museus funcionem precisa de pessoal, orçamento, condições de trabalho. E é justamente isso que a gente está perdendo com a falta de um plano de carreira”.
O secretário geral explica que as paralisações serão por tempo indeterminado em outras unidades da cultura federal. “Dia 20 haverá um grande protesto no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, na reinauguração oficial, que vai sediar boa parte dos órgãos federais da cultura aqui no estado. A nossa perspectiva é cobrar do governo aquilo que é devido aos trabalhadores”, disse.
Segundo ele, o Museu Imperial reabrirá nesta sexta-feira (09), mas pode voltar a fechar a qualquer momento, até que seja estabelecido o diálogo entre as partes.
“A gente continua em greve porque precisamos de uma negociação, que o governo indique, de forma clara, um compromisso realmente forte que esse plano de carreira vai ser implementado”, conclui Joseane Brandão.
O Ministério da Cultura foi questionado sobre quando atenderá as demandas dos servidores, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.
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