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Skincare Infantil: compreenda os riscos associados ao uso precoce de cosméticos

Especialistas explicam os riscos físicos e psicológicos que podem surgir com a antecipação do uso de produtos de beleza em crianças

Foto: Freepik
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Bruna Nazareth - especial para o Diário

É provável que você tenha notado em algumas redes sociais, como o Instagram e TikTok, o aumento de crianças com menos de 10 anos e adolescentes compartilhando suas rotinas diárias de cuidados com a pele, conhecidas como "skincare". O que antes era tendência entre os adultos agora está ganhando popularidade entre o público mais jovem. Nos Estados Unidos, esse movimento foi apelidado de "Sephora Kids", em referência à loja onde muitas dessas crianças adquirem seus cosméticos.

O que tem gerado preocupação, entretanto, é a crescente fascinação por produtos de beleza entre esse público tão jovem, que frequentemente utiliza fórmulas destinadas a peles mais maduras, incluindo produtos anti-idade, ácidos e retinol.

A Dra. Emanuela Biscarde, dermatologista e docente do IDOMED Alagoinhas-BA, revela que tem observado esse fenômeno com frequência em sua prática clínica e reforça que não é aconselhável que crianças realizem cuidados de skincare.

Criança não tem que fazer skincare. Eu não vejo nenhum tipo de benefício nesses produtos intitulados como skincare infantil. Vejo, inclusive, um problema, que essas crianças se ligam a um padrão de beleza, a um padrão de rituais de beleza, que não fazem parte da infância. Quanto aos adolescentes, também vejo posição muito grande de muitos padrões de beleza e de uso de muitos produtos, por exemplo, com acetalurônico, retinol. vitamina C, numa fase de vida onde isso não é necessário

Do ponto de vista dermatológico, o uso inadequado de produtos em pele infantil, que ainda está em desenvolvimento, é preocupante. Dependendo dos produtos aplicados, há um maior risco de causar acne, alergias e dermatites. Assim, é importante evitar produtos que contenham álcool, sulfatos e parabenos, pois são potencialmente mais irritantes e não são recomendados para essa faixa etária, especialmente para os pequenos.

Os únicos produtos que orientamos usar em crianças, produtos adequados para o tipo de pele e para determinada faixa etária, seria o uso de protetores solares e hidratantes corporais, também adequados para aquela determinada faixa etária e qualidade de pele. Vemos pacientes, por exemplo, que têm dermatite atópica, pacientes com pele muito sensível, a gente tem que usar hidratantes para esse tipo de pele, mas nada de produtos anti-idade, por exemplo, com adolescentes. Isso é muito complicado, porque o risco de dermatite, de alergia, aumenta muito com a exposição precoce dessas crianças a esses determinados produtos, esclarece Dra.Biscarde

Impacto psicológicos

Além dos riscos que muitos desses produtos podem causar à pele das crianças, há também a questão da exposição excessiva nas redes sociais. Com a quantidade de conteúdo compartilhado por crianças, adolescentes e adultos, é fácil cair na armadilha da comparação, por exemplo, o que pode afetar a autoimagem e a autoestima. Por outro lado, segundo a psicopedagoga Viviane Leal, esse impacto também pode gerar uma sensação de empoderamento e ensinar hábitos de autocuidado. No entanto, alguns riscos incluem:

Pressão Social: As crianças podem sentir a necessidade de atender a padrões de beleza impostos pelas redes sociais.

Comparações: Podem começar a se comparar com influenciadores e outras crianças, levando a sentimentos de inadequação se não se sentirem à altura.

Desenvolvimento de Transtornos : O foco excessivo na aparência pode contribuir para transtornos alimentares ou de imagem.

O envolvimento precoce com skincare e a exposição nas redes sociais podem ter efeitos psicológicos negativos, como ansiedade e depressão, onde a pressão para manter uma aparência ideal pode causar estresse e sintomas depressivos, enquanto a baixa autoestima, resultante das comparações constantes pode levar a uma visão negativa de si mesmo e o foco excessivo na aparência, pode gerar uma preocupação constante com a pele, o que pode trivializar outros aspectos da identidade e desenvolvimento pessoal. Portanto, é crucial que os pais estejam atentos a esses fatores.

Sendo assim, a psicopedagoga destaca alguns sinais que podem indicar que uma criança está desenvolvendo uma preocupação excessiva com a aparência devido à prática de skincare, como:

Alterações no Comportamento: Evitar atividades sociais por insegurança em relação à aparência.

Uso Excessivo de Produtos: Uso obsessivo de diversos produtos sem indicação ou necessidade.

Foco na Aparência: Conversas frequentes sobre autoestima, beleza e comparações com outras pessoas.

Desinteresse por Outras Atividades: Perda de interesse em hobbies que não estão relacionados à aparência.

Em vista disso, os responsáveis podem orientar o interesse da criança por skincare com uma abordagem prática e informativa, focando nos cuidados com a pele e na saúde, em vez de na estética. Essa abordagem ajuda a construir uma autoestima saudável e uma autoimagem positiva, mesmo diante da pressão social.

Foto: Divulgação
Dra. Emanuela Biscarde, dermatologista e Viviane Leal, psicopedagoga (Divulgação)

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