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segunda-feira, 29 de abril de 2024


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Soberano completa 2 anos fazendo história em Itaipava

Alcione sobe ao palco da casa de show no dia 2 de maio às 21h, prometendo agitar o público

Foto: Larissa Martins
Foto: Larissa Martins

Larissa Martins especial para o Diário

O mês de maio é muito especial para a casa de shows, localizada em Itaipava, que em tão pouco tempo de existência ganhou o coração não apenas dos petropolitanos, mas também de muitos brasileiros: o Soberano.

Prestes a completar 2 anos de atividades, no dia 5 de maio, os organizadores prepararam uma programação de aniversário recheada, que tem como atração principal Alcione, em sua turnê do cinquentenário. Ao comemorar os 50 anos na música, a artista promoverá uma série de eventos comemorativos com o propósito de celebrar esse antológico meio século de dedicação e amor à Música.

Além das incontáveis apresentações pelo Brasil, a turnê de cantora também já foi aplaudida em cidades da Europa e África, como Londres, Lisboa, Porto e Angola.  E, claro, não deixou de fora o Soberano. O local oferece diversos ambientes que incluem o reservado Espaço Havana, dedicado aos amantes da charutaria, o Espaço Ruy Castro, dedicado à gastronomia e à cultura em uma varanda externa, além da sala de espetáculos, cujo conforto, acústica e iluminação a faz ser considerada uma das melhores do país, tendo recebido nomes como Ivan Lins, Joao Bosco, Edu lobo, Adriana Calcanhotto, Lenine Guinga, entre tantos outros, além de espetáculos estrelados por Maitê Proença e Clarice Niskier. Desta vez, a Marrom, como é conhecida, sobe ao palco da casa no dia 2 de maio às 21h.

Jornada de sucesso

O proprietário, Sérgio Saraceni, afirma que ao longo desses anos, a jornada do Soberano, ao receber tantos nomes conhecidos, tem sido e muito sucesso. O Soberano recebeu o reconhecimento do público não só da nossa região como do Rio de Janeiro, de Três Rios, Juiz de Fora, Teresópolis e regiões próximas. Tem sido uma sucessão de grandes acontecimentos musicais e do teatro. Por aqui passaram grandes nomes da música brasileira, que geraram uma emoção nas pessoas. Elas podiam ver de pertinho os artistas que admiram. Em tão pouco tempo a casa conquistou seu espaço e um lugar histórico, conta.

Mauro Senise

O saxofonista e flautista Mauro Senise relata com emoção a experiência que teve ao se apresentar na casa. Com 50 anos de estrada, nunca fui recebido de forma tão acolhedora como no Soberano. Também pudera, seu proprietário, Sergio Saraceni, é um grande músico e sabe lidar tão bem com os artistas. Além disso, o Soberano tem som, luz, camarins e um piano espetaculares! E um público caloroso, participativo, mas com aquele silêncio respeitoso tão importante para a concentração do músico! Todas as vezes em que me apresentei lá (e não foram poucas), tive uma experiência muito emocionante. O Soberano é uma casa de afeto, emoção e alto nível artístico, diz.

Ana Luisa Marinho

Ana Luisa Marinho, esposa de Mauro, não poderia deixar de também prestigiar o espaço. Sou jornalista, trabalhei muitos anos no jornal O Globo como gerente de marketing institucional, onde criei o Programa Cultural O GLOBO, que realizava uma média de 100 eventos culturais por ano. Hoje continuo na carreira de produção cultural. Passando a maior parte do meu tempo no sítio que eu e meu marido temos na serra petropolitana, sou frequentadora assídua do Soberano. Para mim, que sou casada com o saxofonista Mauro Senise e rodo o Brasil e o mundo produzindo shows, não conheço uma casa de música tão linda, tão perfeita, tão respeitosa com os músicos e tão importante para a difusão da boa música brasileira como o Soberano. A casa recebe um público qualificado, que consome cultura e é excelente formador de opinião, pondera.

Dori Caymmi

O músico Dori Caymmi que frequenta o Soberano há um longo tempo, tendo feito inúmeros shows, afirma com propriedade que não há lugar igual. Vivi 26 anos nos Estados Unidos e já toquei nas principais casas de música pelo mundo. No quesito clubes de jazz, não conheci um lugar que chegasse aos pés do Soberano. Piano, luz, som, acústica impecáveis! Gastronomia de excelência. Público respeitoso e atento. Um camarim espetacular! Ambiente requintado, mas muito acolhedor, que abraça o artista como nenhum outro. O Soberano precisa ser eternizado, defende.

Desafios

No entanto, muitos desafios foram enfrentados pelos proprietários. O maior deles foi a falta de apoio. Não tivemos incentivo do poder público e da iniciativa privada. Não tivemos nada, nenhum apoio, nenhum patrocínio, nenhuma cervejaria, indústria de bebidas, concessionária de veículos, instituição financeira, secretaria de turismo, cultura, nada, zero. O que nos forçou a fazer uma parada estratégica para reorganizar o desenho financeiro da casa, conta Sérgio.

Encerramento das atividades

A partir do dia 12 de maio o Soberano passará por uma reorganização operacional por um curto período, buscando ampliar ainda mais o sucesso deste empreendimento. E, para isso, o espaço entrará em um momento de restrição da programação musical, e só abrirá, excepcionalmente, com o retorno definitivo das grandes atrações e novidades na casa.

A possibilidade de encerramento das atividades levanta preocupações sobre o futuro do cenário cultural de Petrópolis. Para muitos frequentadores, o espaço tornou-se uma segunda casa, onde podem se reunir para conversar, relaxar e ouvir uma boa música.

Com muita tristeza li a notícia de que o Soberano corre o risco de fechar suas portas. Lamentei muito, mas entendo que sem um patrocínio, séries importantes como o Soberano Classics, para citar apenas uma iniciativa desta casa modelar, não é possível se manter. Parabéns, Raquel e Sergio! Não se afastem da música clássica. Pessoas como vocês são responsáveis pelo apoio à grande música brasileira. O Soberano é um patrimônio cultural de Petrópolis, do estado do Rio, e do Brasil. É impensável que um verdadeiro templo da boa música possa acabar, lamentou Myrian Dauelsberg, fundadora da Dellarte.

Ivan Lins

Ivan Lins, que  também já realizou inúmeras apresentações no espaço, frisou sobre a falta que a casa fará à cidade.

"O Soberano é uma casa de música, das mais preparadas para o exercício da excelência musical desse país e do resto do mundo. Uma casa construída diretamente para isso, ou seja, acústica perfeita, com equipamentos de primeira linha, iluminação discreta e eficaz, espaço pequeno (até 100 pessoas), mas com excelente visibilidade e conforto, no estilo mesa e cadeiras. O Soberano oferece uma cozinha de alta qualidade, e é multi-espaçoso para diferentes atividades fora do horário dos shows. Uma casa com uma qualidade dessas é muito raro aqui no Brasil. Ela poderá fechar por falta de parcerias e patrocínios. É difícil de acreditar que um espaço com a imensa credibilidade conquistada junto à fina flor da música brasileira, feche suas portas, porque não consegue apoios financeiros que ajudem a manter seu alto nível de espetáculos. Por lá já estiveram tantos nomes da música. Não é qualquer casa que consegue trazer tanta gente talentosa em apenas 2 anos, e alguns voltando para repetir a dose. O Soberano é um empreendimento comercial bastante atraente, além da bela imagem do apoio à melhor música do país, enriquecendo nossa tão valiosa cultura. Deixo aqui a minha perplexidade face a esse fato absurdo de perdermos o que temos de melhor em vitrine para exposição do que se faz de melhor em música e arte, no nosso amado Brasil, alega.

Manoel Correa do Lago

Manoel Correa do Lago, musicólogo, membro da Academia Brasileira de Música, e neto do embaixador Oswaldo Aranha, também se pronunciou.

Pensar em perder um espaço como o Soberano, erguido com o mais extremo bom gosto, nas melhores condições de tecnica e  acústica, e que nesses dois últimos anos conseguiu reunir o que há de melhor na música brasileira, significa um retumbante fracasso da cidade de Petrópolis, poder público e iniciativa privada, na ponta. O que Raquel e Sergio fizeram aqui nesses dois anos é absolutamente memorável, para sempre na história da cidade, do estado e do país, elogiou.

George Vidor

George Vidor, jornalista de economia do Globo e Globonews durante décadas, é um admirador do Soberano e tem se mobilizado para que as portas não se fechem.  A serra petropolitana é lindíssima. Cortada por vales glaciais, tem cantos e recantos exuberantes. A cidade de Petrópolis   é marcada por muitas histórias. Fatos importantes da história do país aconteceram aqui. A cidade abriga um patrimônio cultural invejável,  a começar pelo Museu Imperial. No entanto, faltava à região uma casa musical como o nosso Soberano, abrigado em Itaipava, que junto com Araras, Nogueira, Correias, Vale do Cuiabá, recebeu grande leva de cariocas. Pessoas que se tornaram residentes no município, e não apenas moradores de fim de semana. Infelizmente, um público,  que mesmo se ressentindo de mais opções de lazer,  não gosta muito de sair de casa. Assim, o Soberano restringiu suas apresentações a poucos dias da semana, geralmente quinta, sexta e sábado. Manter uma casa com o padrão de qualidade do Soberano é difícil diante da sazonalidade do público. Foi com grande tristeza que o Soberano suspenderá suas atividades. Os frequentadores mais assíduos ficaram comovidos e há uma mobilização para que o Soberano consiga se reinventar e não feche as portas de vez. Torcida para isso não falta. Sem o Soberano, Itaipava e Petrópolis ficarão mais tristes. Espero que isso não aconteça, e que surja alguma luz no fim do túnel, diz.

Pedido de patrocínio

Apesar de tudo, Sérgio Saraceni e sua equipe permanecem comprometidos em garantir a continuidade do ambiente tão amado por todos. O show de 2 anos promete agitar o público. Se aparecer patrocinador, o que a gente espera que aconteça, nós vamos reabrir um prazo mais curto possível de tempo. Se não aparecer nenhum apoio nesses três meses iniciais de fechamento da casa, realmente não será possível reabrir. Mas, a gente acredita que vai conseguir reabrir, porque a casa é uma casa muito querida, diz Sergio esperançoso.

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