Capacidade do equipamento do LNCC será quadruplicada em acordo que envolve empresa francesa e financiamento da Petrobras
Rômulo Barroso - especial para o Diário
O Supercomputador Santos Dumont terá a capacidade computacional quadruplicada. Isso será possível graças a um acordo assinado entre o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e a Eviden, empresa do Grupo Atos que é líder em computação avançada. O contrato foi assinado no fim de março, durante o 8º Fórum Econômico Brasil-França e o investimento será de US$ 19,4 milhões, cerca de R$ 100 milhões, financiado pela Petrobras.
Hoje, o supercomputador tem capacidade computacional de 5,1 petaflops. Isso significa que a máquina consegue processar 5,1 quatrilhões de operações matemáticas por segundo. Para se ter uma comparação, para conseguir fazer o mesmo com os computadores pessoais mais modernos, seriam necessários reunir 24,5 mil aparelhos trabalhando em conjunto.
Com esse acordo assinado agora, a capacidade do supercomputador será expandida em 17 petaflops, ou seja, chegará a 22 petaflops. "O Supercomputador Santos Dumont terá sua capacidade quadruplicada para atender às crescentes necessidades da comunidade acadêmica. Com essa expansão significativa, financiada pela Petrobras, o Santos Dumont estará ainda mais preparado para apoiar iniciativas de pesquisa de ponta, especialmente no setor de energia", divulgou o LNCC.
Segunda expansão na história do supercomputador
O Supercomputador Santos Dumont foi inaugurado em 2015 como o primeiro do país com capacidade de petaflops (1,1). Quatro anos depois, foi feita a primeira expansão, alcançando a capacidade atual (5,1 petaflops). Assim como acontece agora, a primeira atualização também foi financiada pela Petrobras.
"Nossa expectativa é de que a instalação das atualizações seja concluída entre julho e agosto", disse o coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação do LNCC, Wagner Vieira Léo, em entrevista à revista "Pesquisa Fapesp".
Segundo o LNCC, essa atualização vai garantir "a classificação do supercomputador como o mais poderoso da América Latina para pesquisa acadêmica". Hoje, esse posto é do Pégaso, que pertence à Petrobras e tem capacidade de 21 petaflops. Na lista de novembro de 2023 dos 500 principais supercomputadores do mundo, essa máquina apareceu em 45º - já o Santos Dumont ficou fora do ranking (o equipamento do LNCC constava até 2022).
Pesquisas
De acordo com o LNCC, "Essa atualização representa um avanço importante no campo da computação científica, permitindo que pesquisadores realizem simulações mais complexas e análises de dados em larga escala, impulsionando assim a inovação e o progresso nas áreas de estudo relacionadas".
Dados do próprio Laboratório Nacional de Computação Científica mostram que, em janeiro deste ano, o supercomputador estava com 100% de ocupação pelos pesquisadores (esse percentual é calculado mês a mês, de acordo com o número de horas reservadas e efetivamente consumidas pelos trabalhos, ou seja, não significa que a capacidade total está em uso, mas que toda a demanda de uso do supercomputador está sendo suprida;
o tamanho e a prioridade das pesquisas influencia esse dado de ocupação).
Ainda segundo o LNCC, hoje são 258 estudos em andamento utilizando o Santos Dumont. São pesquisas lideradas por instituições de 21 estados em 21 áreas de conhecimento. Desde a inauguração, o supercomputador já contribuiu para conclusão de 173 projetos, desenvolvidos por instituições de 13 estados em 25 áreas de conhecimento.
"O Santos Dumont é um marco na produção científica brasileira. Antes dele, o pesquisador precisava buscar parcerias no exterior para realizar seus trabalhos", afirmou o coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação do LNCC, Wagner Vieira Léo, à "Pesquisa Fapesp".
Troca de experiências com Portugal
Melhorar a capacidade é fundamental para continuar avançando com as pesquisas de impacto e para atrair cientistas do Brasil e do mundo. Além da parceria com a empresa francesa para evoluir o equipamento, o LNCC firmou um acordo com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) de Portugal, para ampliar pesquisas em computação de alto desempenho. Essa cooperação "permitirá não apenas a troca de conhecimentos e experiências entre pesquisadores das duas instituições, mas também o acesso a recursos computacionais de ponta", destaca o LNCC.
Da mesma forma que os portugueses terão acesso à infraestrutura do Santos Dumont, os pesquisadores vinculados ao LNCC poderão utilizar o supercomputador Deucalion (INESC TEC), que faz parte da rede europeia de supercomputadores, "garantindo acesso a uma vasta gama de recursos e colaborações internacionais", ressalta o Laboratório.
Por parte do LNCC, os representantes serão as pesquisadoras Carla Osthoff e Kary Ann Ocaña, dentro do projeto "Portal Científico BIOINFO Inteligente" - Ocaña e a aluna da pós-graduação Micaella Coelho devem fazer a primeira visita ao país europeu ainda neste semestre.
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