Mauro Peralta - médico e vereador
Na Bíblia, está escrito que os seres humanos possuem o livre-arbítrio, ou seja, o poder de escolher entre o certo e o errado. Esse princípio fundamental se reflete nas escolhas políticas, especialmente nas eleições para cargos públicos. A reeleição para cargos executivos foi instituída em 1997 e, a meu ver, representa o maior erro cometido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em seu governo. Desde então, tem sido um tema controverso, especialmente quando prefeitos, mesmo com administrações medíocres, conseguem se reeleger.
Esse fenômeno ocorre, em grande parte, devido a medidas populistas que visam agradar a população momentaneamente, sem promover mudanças estruturais significativas. Nas eleições municipais de 2024, 3006 prefeitos tentaram a reeleição, e cerca de 81,9% deles foram vitoriosos. Apenas 545 não conseguiram a reeleição, enquanto 2461 mantiveram-se no cargo.
Em Petrópolis, ao analisarmos as últimas eleições, vemos que, em 2008, o prefeito Rubens Bomtempo não conseguiu eleger seu sucessor, sendo derrotado pelo petista Paulo Mustrangi. Em 2012, Mustrangi não passou para o segundo turno, sendo superado por Bomtempo e Bernardo Rossi, com Bomtempo retornando ao cargo. Em 2016, Bomtempo perdeu para Rossi. Em 2020, Rossi também não se reelegeu, sendo derrotado por Bomtempo, que formou uma aliança com Mustrangi, colocando-o como vice. Contudo, após uma gestão desastrosa marcada por fracassos, a chapa Bomtempo-Mustrangi não avançou para o segundo turno em 2024.
O grande vencedor em 2024 foi o vereador e ex-prefeito interino Hingo Hammes, que obteve o maior percentual de votos já conquistado por um prefeito na cidade. Com 46 anos, Hammes traz a experiência de dois mandatos como vereador e um ano como prefeito interino. Ele chega ao cargo com o potencial de mudar o cenário político da cidade, mas para isso precisará enfrentar desafios e focar no futuro, sem repetir os erros do passado. Reequilibrar as contas públicas, cortando gastos desnecessários, será a chave para o sucesso de sua gestão.
Clamamos por auditorias externas nas empresas de economia mista, como CPTrans, COMDEP e SEHAC, para garantir transparência nos gastos e resultados dessas entidades. O uso responsável dos recursos públicos, provenientes dos impostos arrancados dos petropolitanos coercitivamente, deve ser prioridade, com a extinção e unificação de secretarias e departamentos para maior eficiência administrativa.
Também é necessário um manejo eficaz do turismo, com planejamento adequado para nossas festas tradicionais, como a Bauernfest e o Natal Imperial, para fortalecer nossa identidade cultural e atrair mais visitantes. A construção de um centro de convenções, em parceria com a iniciativa privada, seria um passo importante. A indústria de tecnologia, que pode impulsionar o crescimento econômico da cidade, também não pode ser esquecida.
Além disso, é urgente agir contra os péssimos serviços prestados pela Enel, Águas do Imperador, Sinal Park e outras empresas que exploram nossa cidade sem devolver o que é devido à população. Devemos atuar em Brasília para garantir a saída da concessionária Concer, que causa enormes transtornos aos petropolitanos.
Apesar das dificuldades financeiras, das dívidas com fornecedores, da falta de merenda escolar e da má gestão de cargos comissionados, acreditamos que é possível reverter essa situação com ações focadas na austeridade fiscal. Se isso for feito, a população continuará ao lado do prefeito Hingo Hammes, que poderá romper o ciclo de não reeleição.
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