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Terceira idade

Mauro Peralta - médico e ex-vereador

Foto: Reprodução
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Muita gente acredita que a terceira idade, ou seja, a fase da vida após os 60 anos, é a melhor de todas. Nos países desenvolvidos, esse marco costuma começar aos 65. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica os idosos em três grupos: jovens (60 a 74 anos), velhos (75 a 84 anos) e muito velhos (acima dos 85 anos). Felizmente, a idade cronológica nem sempre corresponde à idade biológica e social. Há pessoas com 70 anos que têm energia de 40, e outras com 40 que já parecem ter cansado da vida.

Sem filhos pequenos para criar, com netos para mimar, menos responsabilidades no trabalho, e contando com alguma renda além da aposentadoria, essa fase pode ser, de fato, uma época de liberdade e realização. Claro que isso vale especialmente para quem pertence às camadas mais altas da sociedade. Mas a verdade é que a melhor idade é sempre aquela que estamos vivendo. Seja aos 15, 30, 50 ou 80 anos. Quanto à ideia de que, ao criar os filhos, tudo melhora, vale lembrar o velho ditado: “Filhos criados, trabalhos dobrados.” E, atualmente, há uma legião de “crianças” de 30 ou 40 anos ainda morando com os pais.

A aposentadoria no Brasil, para a maioria dos trabalhadores, é quase uma punição. Durante toda a vida ativa, o Estado retém uma fatia do nosso salário, mês após mês, sob a promessa de amparo na velhice. No entanto, ao final da jornada, o que se recebe do INSS é uma porcentagem ínfima do que foi contribuído, valor que mal cobre as necessidades básicas. Com o passar do tempo, os gastos aumentam: são remédios, consultas médicas, exames. A aposentadoria, por si só, não permite que muitos tenham acesso sequer a um plano de saúde. Para agravar ainda mais a indignação, temos um presidente que, mesmo aposentado aos 48 anos, ainda teve a desfaçatez de criticar os próprios aposentados deste país.

Outro absurdo é a ideia de que idosos não devem sair de casa ou que “ocupam o lugar dos jovens” nos ônibus. Esquecem-se das mamadeiras, das fraldas trocadas, das noites mal dormidas e das incontáveis preocupações. Se estamos aqui, vivos, é graças aos nossos pais. Mesmo os mais fortes e saudáveis só chegaram até aqui porque alguém cuidou deles um dia.

A medicina tem avançado. Graças às vacinas, aos medicamentos e, principalmente, à prevenção, a longevidade aumenta a cada década. Em 1960, a expectativa de vida no Brasil era de 54,5 anos. Em 1970, passou para 57,6. Em 1980, chegou a 62,5. Hoje, estamos em 76,4 anos, e a tendência é continuar subindo.

Enquanto isso, a taxa de natalidade no Brasil segue em queda. Atualmente, a média é de apenas 1,57 filho por mulher, bem abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1. Nas próximas duas décadas, teremos menos jovens e muito mais idosos. A previdência pública irá colapsar, pois haverá trabalhadores ativos em número insuficiente para sustentar o sistema, não restando alternativa senão nos conscientizarmos da necessidade de investir, de forma privada, na nossa própria aposentadoria. Seremos cerca de 80 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o dobro dos 39 milhões atuais. E, com esse peso demográfico, decidiremos todas as eleições.

Atividades físicas, culturais, sociais e esportivas ajudam a retardar os efeitos do envelhecimento, melhoram a qualidade de vida, controlam a pressão arterial, protegem ossos e articulações, fortalecem os músculos e preservam a saúde do cérebro. Essas atividades também estimulam a produção de serotonina, relaxam o corpo e proporcionam prazer, tudo isso sem precisar de medicamentos.

Esperamos que o prefeito Hingo Hammes, que é professor de Educação Física, compreenda essa importância e apoie iniciativas como a do senhor José dos Santos, o popular Zezinho, com sua dança de salão, e também o projeto de música para a terceira idade da família do grande Joãozinho do Cavaco. É hora de cobrar. Afinal, em breve, todos iremos envelhecer.

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