Mauro Peralta - médico e ex-vereador
Transcorridos oito meses, quase uma gestação desde o início do novo governo, eleito com a credibilidade de mais de cem mil sufrágios dos petropolitanos, infelizmente continua tudo igual. Quase nada de novo aconteceu. Na saúde, as filas para exames, cirurgias e medicamentos permanecem as mesmas do desgoverno anterior.
As portas de entrada, mesmo com pareceres favoráveis de técnicos e do Ministério Público, não foram reduzidas. O atendimento primário continua precário, e alguns profissionais atuam sem registro no Conselho de Medicina, apenas com cadastro no Ministério da Saúde. Essa fragilidade na atenção básica contribui para a superlotação das UPAs e a consequente demora no atendimento, evidenciando a ineficácia da gestão.
Na mobilidade urbana, os engarrafamentos diários no Retiro, Carangola, Corrêas, trevo de Bonsucesso, perto do Hospital Santa Teresa e em vários outros pontos da cidade, agravados pelo constante aumento do número de veículos, perturbam a vida de todos, geram atrasos e elevam a ansiedade, reduzindo a qualidade de vida. Nos bairros, carros mal estacionados dificultam o tráfego dos ônibus. A fiscalização só existe no Centro.
Para sermos justos, houve uma melhora no trânsito de Corrêas, e o presidente da CPTrans é uma das raras exceções positivas no fraco secretariado. No entanto, ele precisa de apoio para agir na Rua Ipiranga, onde a presença de vários colégios provoca engarrafamentos recorrentes.
A malfadada Concer teve seu contrato prorrogado até setembro, e a ausência da estrada para carretas de mais de 30 metros continua a sobrecarregar o tráfego e prejudicar nossa rotina, assim como a não execução da ligação BingenQuitandinha, prometida há décadas. Continuamos aguardando mais transparência, com a publicação das dívidas da COMDEP, SEHAC, CPTrans e outras herdadas do prefeito anterior.
Essa falta de clareza na gestão também se reflete no quadro de pessoal. Por que não divulgar as dívidas? Haverá concurso público? Continuaremos com milhares de petropolitanos contratados por RPA, grande parte indicada por políticos aliados da gestão, sem qualquer meritocracia? Precisamos de um líder, pois chefes já temos muitos, e a maioria nada resolve. Eis um dos motivos pelos quais a máquina pública não funciona a contento.
Em vez de aguardarmos passivamente o milagre da volta do ICMS, deveríamos trabalhar para reduzir expressivamente os gastos com menos secretarias, menos aluguéis e menos cargos comissionados. A tímida reforma administrativa realizada, embora seja um começo, não gerou a economia necessária.
Como ainda não chegamos aos nove meses, a criança não nasceu. Ainda há tempo para comprar o enxoval e torcer para que a mudança esperada por mais de cem mil petropolitanos finalmente aconteça. Resta cobrar e rezar para que, no fim, tenhamos um bom parto.
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