Crianças enfrentam cerca de 5 vezes mais dias de extremo calor do que na década de 1970
Faltando menos de duas semanas para as eleições municipais, o Unicef, Fundo das Nações Unidas para Crianças, publicou nesta segunda-feira (23), recomendações aos candidatos às prefeituras de todo o país, sobre as principais necessidades, atualmente, dos jovens do Brasil. A publicação conta com 5 prioridades para a construção de cidades melhores para crianças e adolescentes.
Proteção contra violência
De acordo com dados do Unicef, entre 2021 e 2023, mais de 15 mil jovens de 0 e 19 anos foram vítimas de violência letal no Brasil, resultantes de violência sexual, física ou psicológica, o que impacta diretamente no desenvolvimento físico, mental e emocional dos mesmos. Visto isso, a organização pede que gestores municipais invistam em ações concretas e multisetoriais para prevenir, identificar, encaminhar e acompanhar casos de violência - em suas diferentes manifestações - contra meninos e meninas.
Resiliência climática
As mudanças climáticas também são postas em evidência, uma vez que 33 milhões de crianças enfrentam o dobro de dias extremamente quentes (mais de 35°C), se comparados com seus avós. O Unicef utilizou de uma comparação entre temperaturas médias, que mostra a velocidade e a escala com que esses dias estão aumentando. No Brasil, a média de dias extremamente quentes passou de 4,9 ao ano na década de 1970 para 26,6 na década de 2020.
Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vive, explica Danilo Moura, Especialista em Mudanças Climáticas do UNICEF no Brasil.
Além disso, um relatório do UNICEF de 2022 mostrou que quase 6 a cada 10 crianças e adolescentes no Brasil (40 milhões) estão expostas a mais de um risco climático, incluindo aqueles decorrentes de enchentes de rios, ondas de calor e outros. Com isso, o UNICEF pede que candidatos e candidatas às prefeituras se comprometam a preparar as cidades para enfrentar e lidar com as mudanças climáticas, com foco especial nas necessidades e vulnerabilidades de meninas e meninos.
Educação
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2023, após anos de pandemia, 44% das crianças do Ensino Fundamental não estavam alfabetizadas no Brasil. O Unicef pede que os gestores invistam e adotem ações para a garantia do acesso universal à escola e a promoção de um ensino de qualidade, em especial na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Saúde e nutrição
Segundo o Unicef, mais de 100 mil crianças brasileiras não receberam nenhuma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP) em 2023. Crescer saudável é um direito de toda criança e adolescente, com o incentivo à amamentação, e continua com o acesso a vacinas essenciais e o fortalecimento de hábitos saudáveis ao longo da vida.
Proteção social
Estimativas da plataforma SigaBrasil apontam que crianças e adolescentes representam cerca de 24% da população brasileira, mas apenas 7,3% do orçamento federal de 2023 foi dedicado a elas. Com isso, 60,3% das crianças e adolescentes no Brasil vivem privados de algum direito fundamental, como acesso a água, renda digna ou educação, e para combater a situação, é necessário políticas integradas e intersetoriais.
O Unicef reforça aos eleitores para se atentarem à essas medidas na hora de escolher seu representante, especialmente aos jovens de 16 e 17 anos, que já podem exercer seu poder do voto e escolher quem os melhor representa e defende.
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