Especialista fala sobre os desafios do período
Larissa Martins
O verão se aproxima e com ele vem o aumento das temperaturas, evidenciando a necessidade de investimentos em saneamento básico. O calor intenso e as chuvas típicas da estação colocam pressão sobre as prestadoras do serviço, exigindo medidas preventivas para garantir a saúde pública e a sustentabilidade.
O saneamento básico compreende os serviços de abastecimento de água; coleta e tratamento de esgotos; limpeza urbana, coleta e destinação do lixo; e drenagem e manejo da água das chuvas. Para que sejam prestados adequadamente a preços acessíveis à população, as agências reguladoras infranacionais editam normas e fiscalizam a prestação dos serviços. No Brasil há 60 agências infranacionais atuando no setor de saneamento, sendo 25 estaduais, uma distrital, 28 municipais e seis intermunicipais. Com a abrangência dessas entidades, aproximadamente 65% dos municípios brasileiros estão vinculados a elas.
A Política Nacional de Saneamento Básico estabelece que pelo menos 90% da população deve ser atendida com o serviço. Em Petrópolis, 84,59% das pessoas têm acesso, representando 235.906 moradores do município. O índice é o mais alto já registrado na região.
Segundo Renato do Espírito Santo, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-Rio), o verão impacta diretamente o setor de saneamento.
“O abastecimento de água é afetado com as altas temperaturas, porque o consumo por parte da população aumenta. Já esgotamento sanitário é afetado porque a incidência de raios solares provoca reações, que favorecem o aparecimento de algumas matérias que podem influenciar inclusive no abastecimento de água. O verão e a drenagem são quase que inimigos, porque há grandes volumes de chuvas e os nossos sistemas são deficientes para uma queda de água acima do razoável. No que desrespeito aos resíduos sólidos, se não há uma boa manutenção ao longo do período das secas, quando chega na época da chuva a tendência é que a água faça com que essa matéria sólida, que está exposta, corra direto para os rios e galerias entupindo tudo”, pontuou.
Com a previsão de dias mais quentes e chuvas intensas, o desafio para o verão é garantir que as redes de saneamento funcionem de forma eficiente. Mas o especialista relembra também que a contribuição da população é muito importante. “As pessoas precisam estar concientes, pois no verão há o costume de gastar mais água com piscinas, banhos e consumo”, reforça.
Censo 2022
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados através do Censo 2022, a proporção de domicílios com acesso à rede de coleta de esgoto no Brasil chegou a 62,5% em 2022, registrando aumento em relação a 2000 (44,4%) e 2010 (52,8%). As duas soluções de esgotamento sanitário mais comuns no Brasil eram por “Rede geral ou pluvial” (58,3%) e "Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede" (13,2%), solução individual não ligada à rede, mas considerada adequada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). “Fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede” representou 4,2%. Por outro lado, 49,0 milhões de pessoas (24,3%) ainda usavam recursos precários de esgotamento sanitário.
“Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo”, explica Bruno Perez, analista da pesquisa.
ETE Itaipava
Em junho, a Águas do Imperador inaugurou a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Itaipava, erguida no Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes. A nova unidade tem capacidade para tratar 2,5 milhões de litros de esgoto por dia e atender 20 mil moradores de Nogueira e Itaipava.
Com estrutura moderna, verticalizada e 100% automatizada, a nova ETE Itaipava ocupa uma área 75% menor do que as unidades convencionais, garantindo mais sustentabilidade e total eficiência no tratamento. A obra foi realizada em parceria com a Carioca Engenharia e a Tigre Água e Efluentes. A ETE Itaipava é a nona estação de tratamento de esgoto de Petrópolis.
“A ETE Itaipava é a uma das realizações previstas, pouco mais de um ano atrás, em um termo aditivo que assinamos com a Prefeitura de Petrópolis e que vai beneficiar moradores destas importantes regiões de Petrópolis. Nos mesmos moldes, seguimos com as obras da ETE Independência, para levar tratamento de esgoto também para a população daquela região”, ressaltou o diretor da Águas do Imperador, João Henrique Tebyriça de Sá.
Trata Brasil
Este ano, Petrópolis ficou na 30ª posição no Ranking do Saneamento, estudo anual elaborado pelo Instituto Trata Brasil e pela GO Associados, que analisa dados sobre tratamento e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto nas 100 maiores cidades do país. Em comparação ao ano passado, quando estava em 33º lugar, o município melhorou de posição.
Coleta de lixo
No entanto, o serviço de coleta de lixo tem se mostrado ineficiente na cidade, evidenciando ainda mais a necessidade de uma prestação de qualidade durante o período chuvoso. Somente com poucos milímetros de água que caíram nos últimos dias, os problemas da crise do lixo foram expostos. Em vídeos divulgados nas redes socais, moradores flagraram os resíduos sendo levados pela enxurrada. Como consequência, os bueiros ficam entupidos provocando alagamentos.
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