Pasta orienta os pais a não levarem crianças doentes para as escolas antes de confirmar a enfermidade
Larissa Martins
A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde de Petrópolis, confirmou a ocorrência de 13 casos de coqueluche em diferentes regiões do município. Outros casos seguem em investigação.
“Nas análises realizadas até o momento, não foram identificadas ligações epidemiológicas de contaminação nas escolas. Dos casos identificados, houve três contatos entre os pacientes, sendo todos de transmissão intradomiciliar”, disse a pasta ao Diário.
Ações
Além da investigação, coleta laboratorial, a Vigilância Epidemiológica informou que está prestando orientações junto às unidades de saúde. Nos casos em que infectados são estudantes, uma equipe de Imunização está indo às escolas para avaliar se há outros casos suspeitos, prestar informações, analisar situação vacinal dos alunos e atualizar esquema vacinal, caso necessário.
Já as unidades escolares estão comunicando aos pais, alunos e comunidade sobre os cuidados com a doença. A principal orientação é para que os pais não levem crianças doentes para as escolas antes de confirmar a enfermidade durante o atendimento médico.
Estado
No mês passado, a Secretaria de Estado de Saúde, já havia emitido um alerta sobre a necessidade da vacinação contra a doença para gestantes e mulheres que estão no período pós-parto. Até então, três bebês menores de seis meses morreram de coqueluche, no Rio de Janeiro. Já são 230 notificações da doença no estado.
Sintomas
Segundo o Ministério da Saúde, a coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível causada pela bactéria Bordetella pertussis e está presente em todo o mundo. A doença manifesta três fases, sendo a primeira a catarral, com sintomas leves que podem ser confundidos com uma gripe. O paciente apresenta coriza, febre, mal-estar e tosse seca.
Na segunda fase (paroxística), os acessos de tosse são mais frequentes e finalizados por inspiração forçada e prolongada (guincho inspiratório), geralmente esses episódios são seguidos de vômitos, dificuldade de respirar e extremidades arroxeadas.
Na convalescença, os acessos de tosse desaparecem e dão lugar à tosse comum.
Edimilson Migowski, médico, professor de doenças infecciosas e responsável pelo Laboratório de Inovação em Saúde Pública (Lisp) da UFRJ, explica que as crianças fazem parte do grupo de risco, sendo mais propensas a serem contaminadas.
“Uma criança identificada com coqueluche será afastará da sacola imediatamente. Quando é iniciado o tratamento com antibióticos, ela deixa de ser uma fonte da bactéria e não oferece mais perigo para as outras pessoas. Um dos riscos para uma criança muito pequena é a apneia. Ela para de respirar e pode ter uma parada cardiorrespiratória. Há também a possibilidade de obstrução da via respiratória levando a pneumonia. Quando a criança vomita muito, pode ter um quadro de desnutrição, pois a comida não para no estômago” aponta.
Imunização
A falta de vacinação é um dos principais fatores de risco para coqueluche em crianças e adultos. Embora tenha tratamento, a infecção pode levar à morte, especialmente bebês menores de seis meses quando não tratados direito e ainda com o esquema vacinal incompleto.
A prevenção, preconizada pelo calendário de vacinação do Distrito Federal, é feita com a vacina pentavalente que previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenzae tipo b, e um segundo reforço aos 4 anos de idade com a tríplice bacteriana (DTP). A partir daí, deve-se fazer um reforço a cada 10 anos com a vacina dT (difteria e tétano), sendo que os profissionais de saúde fazem esse reforço com a vacina dTpa. Toda gestante deve tomar a vacina dTpa a cada gestação com o intuito de proteger o bebê da doença nos seus primeiros 2 meses de vida.
“As crianças que ainda não completaram o esquema vacinal ou adultos que se imunizaram há muitos anos acabam adoecendo mais que o normal, desenvolvendo uma doença sintomática. Apesar de ser a forma mais eficaz contra a doença, a vacina vai perdendo a eficácia ao longo dos anos, por isso é importante tomar de 10 em 10 anos. Infelizmente, o Sistema Único de Saúde não fornece para adolescentes, adultos e idosos. Apenas crianças e grávidas são contempladas”, pontua.
Cobertura vacinal
Segundo a Secretaria de Saúde, o esquema vacinal na cidade está da seguinte forma:
- Menores de 1 ano: 88,88%
- Maiores de 1 ano: 81,89%
- Gestantes: 38,26%
A pasta reforça que a vacinação é a principal forma de evitar essa e outras doenças, por isso orienta que se mantenha as vacinas em dia. Vale ressaltar que além da vacinação de crianças, o Calendário Nacional de Vacinação indica a imunização das grávidas, a cada gestação, a partir da 20ª semana de gestação.
Diagnóstico
O exame para detecção da bactéria é realizado de forma laboratorial por meio do isolamento da bactéria de secreção nasofaríngea coletada do caso suspeito. O teste é disponibilizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal. A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes da antibioticoterapia ou, no máximo, até três dias após seu início.
Transmissão
De fácil propagação, a coqueluche é transmitida, principalmente, durante a fase catarral e em lugares com aglomeração de pessoas. Para se infectar é necessário contato direto com uma pessoa doente, por gotículas de saliva expelidas por tosse, espirro ou fala. Há também a possibilidade de transmissão por objetos contaminados. O paciente pode transmitir a doença do 5º dia após a exposição até a 3 semana do início das tosses paroxísticas. Ressalta-se que o tratamento adequado reduz o tempo de transmissão para aproximadamente 5 dias após o início do antibiótico.
Tratamento
O tratamento é baseado no uso de antibiótico, de acordo com a indicação do medicamento e esquema terapêutico preconizados no Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. É importante procurar uma unidade de saúde para receber o diagnóstico e tratamento adequados, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas.
Notificação compulsória
Todo caso suspeito de coqueluche deve ser notificado, obrigatoriamente, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e informado diretamente à Gerência de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Hídrica e Alimentar (GEVITHA) e ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
Orientações
Em caso de dúvidas, as unidades escolares devem entrar em contato com a Vigilância Epidemiológica pelo telefone (24) 2246-6797 ou 2246-9194.
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